Amigos secretos
Como estamos no período de festas, decidi presentear-me o direito de falar. É claro que muita gente pode não gostar deste meu direito e, pior ainda, do que digo enquanto o exerço. Mas a discordância faz parte do processo de crescimento e aprendizado em qualquer situação.
Somente o Todo-Poderoso, Criador do céu, da terra, do mar e de tudo que neles habita é que tem o direito de não ser questionado sobre o porque fez isso ou aquilo, desse ou daquele jeito. Agora, quanto a todos os demais humanos, sejam eles o presidente da república, governador, prefeito, vereador, deputado, juiz etc, todos são passíveis de contestação e de contrariedade.
Aproveito o espírito natalino para ir além desta patifaria que nos metemos de reduzir a época ao mero consumismo. Não estou louco! Quando falo de patifaria, refiro-me ao comportamento ensandecido de buscar, a qualquer custo, ostentar um padrão que não se pode com ceias de Natal para regalar, confraternizações de ano novo para escandalizar, desfile de roupas carérrimas só para dizer que se está comemorando alguma coisa.
Muito mais do que correr como loucos de carro, moto, a pé, de charrete e até de jegue, o momento deve ser aproveitado para os balanços internos. Já que o globo terrestre se aproxima de novo ciclo, nós, os terráqueos, devemos olhar para dentro e avaliar o que andamos fazendo para fora.
Entendo que seja oportuno avaliar como está nosso comportamento como filho, pai, mãe, marido, mulher, aluno, colega de trabalho, patrão, funcionário, amigo, vizinho e tantos outros papéis sociais que desempenhamos ao longo de um mesmo dia. Pode parecer mórbido, mas gosto da recomendação de uma professora que costumava recomendar: "Se você morresse hoje, quantas pessoas sentiriam sua falta?"
Neste período, muito mais do que correr e comer, devemos pensar na importância que temos na vida das pessoas que nos cercam e que reconhecimento damos a cada uma. Pelos valores morais e espirituais que acredito, defendo e procuro viver, embora nem sempre seja fácil cumprir, gosto de construir o melhor relacionamento possível com um grupo de pessoas que cumpre papel fundamental no nosso cotidiano: os faxineiros.
São eles que garantem um ambiente de trabalho sempre limpo para garantir a nossa produção diária. Sem eles, o pó se acumularia, o lixo permaneceria no cesto, o banheiro ficaria fedido, o piso sujo, os vidros imundos etc. Geralmente, os funcionários dos escritórios nem sabe quem "deu um grau" no seu local de trabalho. Sugiro que neste período e ao longo de todo o ano, sejamos mais solícitos com estas pessoas.
Ainda não esgotei minha sede em falar das pessoas que fazem o mundo se mover sem que sejam vistas, lembradas e muito menos homenageadas pelas suas ações sem voz, mas de força e impacto que muito falastrão por aí jamais terá.
Conta-se a história de um renomado pastor que tinha uma igreja muito vibrante, alegre e crescente. Todos os cultos eram uma grande festa com todas as manifestações espirituais que se espera. Até que, sem motivo aparente, o brilho da igreja foi reduzindo, os fieis foram se afastando e o pastor jactancioso resolveu perguntar para Deus o que estava acontecendo. A resposta divina foi a lembrança do rosto de uma senhora muito velhinha que já havia morrido e ninguém deu por sua falta.
Na mente do pastor, agora, arrasado, foi redesenhado o corpo frágil, as rugas e os sulcos marcados daquele rosto. No diálogo, a voz divina ecoou alertando que era aquela mulher, anônima, que constantemente fazia as suas orações pedindo a Deus em favor do próprio pastor, dos diferentes setores da igreja, para que todas as pessoas que entrassem naquele lugar tivessem um encontro real com o evangelho.
Arrependido, o pastor entendeu que ele não tinha sucesso por sua grande capacidade retórica, pelo seu carisma ou pela sua estética. Mas, sim, porque um rosto anônimo amava a Deus e ao próximo com tal intensidade que, constantemente, fazia suas orações em seu favor.
Minha mente viaja e ainda tenho inúmeros personagens que não conheço os rostos, não sei seus nomes. Mas suas ações, seus esforços, a intensa dedicação de suas vidas, de alguma forma, já me alcançaram, me alcançam e vão continuar a estender sua sombra sobre a minha vida.
É comum nos lembrarmos dos médicos quando eles nos atendem mal. Fazemos questão de alardear que a consulta foi caótica, que não fomos examinados como esperávamos. Uma vez insatisfeitos, falamos para um, dois, três, quatro, dez, tantas quantas pessoas nossa língua produza saliva suficiente, para execrar o nome e a imagem do "mal doutor".
No entanto, se somos bem atendidos comentamos, quando muito, com umas duas ou três pessoas em casa ou no serviço e o assunto morre rápido. Ora, se tiramos do anonimato com tanta veemência a pessoa que, segundo nossa avaliação, é tão ruim, porque não empreendemos o mesmo esforço para promover quem nos deu a atenção que desejávamos?
Citei os médicos porque, na maioria das vezes, é pelas mãos de um deles que vimos ao mundo. No entanto, quantos de nós pode ou quis saber quem, com a capacidade dada por Deus, foi o instrumento divino que ajudou nossas mães no momento do parto?
Aqueles que se destacam na sociedade, por algum momento parecem querer passar a falsa imagem que "nasceram feitos". Contudo, ninguém conquista nada sozinho. Alguém em algum lugar falou, olhou ou tocou cada um de modo a determinar os rumos da vida do outro.
Os professores, também são exemplos de anônimos clássicos. Quantos dos seus ex-alunos estão construindo, teorizando, criando, inventando coisas, conduzindo projetos de todos os tamanhos, graças à sua habilidade e desejo de estimular o conhecimento?
Qualquer que seja a área da vida que alcancemos destaque, quer seja diante de Deus ou dos homens, os resultados serão vistos pelos contemporâneos, mas só podem ser justificados graças às contribuições voluntárias e involuntárias daqueles que cruzaram a trajetória das nossas vidas. Somos reflexo do ontem e amanhã, seremos exatamente fruto de agora.
Podemos e devemos aprender a reconhecer o trabalho dos anônimos
Em uma sociedade movida pela espetacularização de tudo e todos, parece que ser discreto e, anônimo, é uma espécie de castigo.
Desde que os "15 minutos de fama" passaram a ser buscados com o ardor de quem precisa sobreviver, parece que a coisa mais importante na vida é ser famoso, se tornar celebridade, dar autógrafo, ser fotografado.
Ultimamente, até na hora do parto as pessoas se deixam fotografar e filmar para mostrar o quanto descabeladas e suadas ficaram para dar à luz.
Em tempos de Orkut, Twitter, Facebook, Myspace, YouTube, BigBrother, A Fazenda, Ídolos e outras tantas quirelas do mundo da Internet e da TV, parece que a coisa mais importante no mundo é ser notícia. É fazer com que todas as pessoas saibam da existência, feitos, manias, excentricidades de cada um.
Se não somos assim, estamos sempre à espreita para "espiar" a vida de quem se expõe ou é exposto alheio à sua vontade. Entretanto, ao contrário do que a espetacularização midiática possa apresentar, o mundo não é movido por quem aparece. Muito pelo contrário, o mundo se move por quem não se vê.
Gostamos de viajar. Quando possível, optamos pelo avião. Mas, quantos pilotos nos demos o trabalho de conhecer? Muito mal e porcamente às vezes nos lembramos do motorista de ônibus. No entanto, sem essas pessoas, a tal viagem não seria possível.
Nunca queremos que o transporte coletivo apresente pane e pare no meu do caminho para o trabalho, escola ou mesmo o lazer. No entanto, quando a viagem acontece sem transtornos, nunca queremos saber quem foi o mecânico que, com seu trabalho anônimo e silencioso, garantiu o funcionamento perfeito daquele veículo.
Gostamos de sentar no restaurante e sermos bem servidos. Saborear um prato com a dose certa de condimentos, ao dente, bem passado, mal passado etc. Mas, quantos chefs de cozinha nos propomos a agradecer pelo excelente prato que consumimos?
Queremos andar em nossas cidades e encontrar tudo muito limpo. Sem mato, sem papel no chão, sem lixo amontoado. No entanto, sequer oferecemos um copo d'água para o anônimo que passa com a vassoura e o balde limpando tudo. Também não fazemos o menor gesto de reconhecimento para os operários que com suas máquinas cortam o mato do caminho que passamos diariamente.
Só nos lembramos dos anônimos quando alguma coisa dá errado. Se o carro quebra, se o avião cai, se o mato toma conta, se vem lagarta na salada, logo temos peito e voz para reclamar. Por menos usual que seja, acredito que podemos melhorar este comportamento e fazer as pessoas cientes do quanto elas são importantes por tudo o que fazem, por mais simples que seja o seu trabalho. Podemos fazer pessoas felizes, semeando gratidão.
Os jovens podem e devem abrigarem-se na sombra dos idosos
O jovem pastor Timóteo foi instruído pelo apóstolo Paulo a nunca repreender com aspereza a um velho "mas admoesta-o como a um pai" (1 Tim. 5:1). Os mais jovens devem reconhecer a experiência dos mais idosos e, não, desdenhá-los por isso, sempre argumentando que estão 'ultrapassados'. Salomão falou sobre este equilíbrio entre força e experiência quando compilou o provérbio: "A glória dos jovens é a sua força; e a beleza dos velhos são os seus cabelos brancos" (Pv. 20:29).
O rei Davi ressaltou que a vida de uma pessoa que escolhe confiar em Deus desde a juventude resulta em uma velhice vigorosa: "Na velhice, eles ainda produzem frutos; são sempre fortes e cheios de vida" (Salmos 92:14).
Ao invés de vivermos um clima de tensão entre as gerações, jovens de um lado, envaidecidos pela sua força e agilidade, idosos do outro, apenas maldizendo a impulsividade das novas gerações, o princípio bíblico apela para a complementaridade. Precisamos uns dos outros.
Mesmo quem opta por não seguir princípios judaico-cristãos pode beber em qualquer fonte filosófica, sociológica, antropológica e outras ciências sociais e terá que aceitar o censo comum de que os mais velhos, invariavelmente, são dignos de toda honra e respeito.
Alguns indivíduos se esquecem ou desconhecem que o ciclo natural da vida é nascer, desenvolver, reproduzir, envelhecer e morrer. Quer o ser vivo seja uma árvore, um macaco ou um homem todos passam por este processo natural. Exceto em casos de interrupções abruptas provocadas por tragédias, acidentes, violência, drogas etc.
Dia do Idoso
A data foi instituída internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1991, com o objetivo de promover a reflexão sobre os direitos da pessoa idosa. No Brasil, é comemorada há 10 anos. Até 2006, as comemorações aconteciam no dia 27 de setembro. No ano seguinte, a comemoração foi alinhada com o calendário internacional após publicação da Lei nº 11.433, de 28 de dezembro de 2006, assinada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva.
"O beijo de Judas", tela de Giotto di Bondone, pintor italiano
É claro que ao falar da preferência de tapa a beijo, deixo grande margem de dúvida quanto à minha sanidade mental, mas explico.
Não me refiro ao tapa literal, aquele cinematográfico com direito a quem apanha jogar o corpo todo para o lado ou até para o chão.
O tapa que falo é aquele que somente os bons e verdadeiros amigos sabem dar. Um bom amigo, bate bem. Eles não poupam na hora de dizer: 'Você está errado!'. Não economizam quando percebem que o amigo ou amiga está enveredando por caminho mal.
Amigo leal, verdadeiro, não tem cerimônia para contestar, se opor, até impedir a quem ama de fazer o que ele entende como prejudicial. Ele também sabe reconhecer, parabenizar e, na medida do possível, ajudar.
É por isso que se tiver que apanhar, prefiro que seja de um amigo. No calor do momento, provavelmente, vou ficar roxo de raiva, mas ela passa, sendo que a lição fica e amizade se fortalece.
Entretanto, existe um outro gênero de pessoas que se apresentam como amigos e o melhor 'cartão de visita' deles é o beijo.
É um tipo de gente que sempre se aproxima com ares de gato, isto é, vem com aquela mania de se esfregar entre as pernas, nos braços... Eles –os gatos– miam com uma candura que enternece qualquer coração. No entanto, a eles também pertence a máxima: "dá o tapa e esconde a unha".
Diferentemente do bom amigo, que bate e assume, aqueles que tem comportamento de gato, acariciam, ficam manhosos e, de repente, dão o golpe, mas não reconhecem que são traiçoeiros. Tal qual os felinos, tem aqueles que só se aproximam com elogios, rasgação de seda, chita, organza, viscose e tudo o mais, no entanto não são dignos de confiança.
A analogia é perfeita para gente que faz como o tesoureiro de Jesus que foi até o Mestre de modo sutil, com passos rasteiros no jardim para ouvir da vítima: "Judas, com um beijo trais o Filho do homem?" (Lucas 22:48).
Infelizmente, estamos às voltas com muitos Judas no nosso cotidiano. Não quero com isso dizer que estamos irremediavelmente perdidos. Ainda que os Judas existam para trair com um beijo, há os Joões que permanecem ao lado do amigo até o último momento. Há também os Pedros que, num momento de fraqueza, podem negar, mas com nobreza peculiar a um verdadeiro amigo se arrependem e pedem perdão.
Há quem defenda que para se ter influência sobre as pessoas é necessário saber mandar nelas. Os defensores desta ideia gostam do jargão "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Aplicam a máxima para todas as relações sociais e de trabalho. O líder religioso e seus congregados, o chefe de equipe e o peão, o professor e os alunos, entre outras relações.
No entanto, essa história de 'mandar quem pode' só cabe na minha cabeça com a ressalva de que o tal 'poder' seja conquistado pela ação, pelo exemplo. Nem mesmo no ambiente familiar as coisas funcionam na onda do "goela a baixo". Quem quer educar filhos tem que aprender, desde cedo, a argumentar, influenciar, conquistar e, mais que isso, tem a obrigação de fazer o que fala.
Ora, se a família é a base da sociedade, o que dá certo e o que dá errado no meio dela, é facilmente replicável para as demais instituições sociais quer sejam elas públicas ou privadas. Um exemplo simples: se os pais dizem que não é para gritar com as pessoas e, no entanto, elas flagram o pai berrando com a mãe, ou mesmo elas são abordadas pelos pais aos berros, dificilmente estas crianças saberão praticar as regras de etiqueta e bons costumes. O mesmo é válido para questões como honestidade com o dinheiro dos outros, boa gestão do próprio dinheiro, hábitos inteligentes de consumo, consciência ambiental, cidadania, respeito ao próximo e tantos outros assuntos.
Quem sabe fazer, não encontra dificuldades para ter pessoas que sigam seus passos. Quem faz, ao invés de simplesmente mandar no alto de seu pedestal, passa a ter as pessoas à sua volta muito mais dispostas a fazer o que é obrigatório e, melhor que isso, elas vão além do que simplesmente são 'mandadas'. Quem sabe fazer, antes de simplesmente mandar, desperta nas pessoas o melhor de suas potencialidades que tem sob sua liderança, comando, presidência, direção ou seja lá que nome gostem de dar.
Qualquer filho, esposa, funcionário, colega, aluno estará sempre muito mais disposto a produzir. Sua mente estará sempre em atividade. Sua criatividade será estimulada. Sua motivação, amor pelo trabalho e desejo de aperfeiçoar o exercício de sua função estará sempre em constante amadurecimento e aperfeiçoamento.
Enquanto tudo isso acontece, a pessoa que tem a função de comando estará sempre em alta. As pessoas que a cercam, em um momento ou outro, irão se lembrar das palavras, dos gestos, das expressões que as ajudaram a crescer, a observar determinado tema com outro olhar.
Sempre foi assim com Jesus, o Cristo. Ele pouco ordenou, e muito fez. Suas ações eram tão poderosas e marcantes quanto seus discursos. Havia absoluta harmonia entre o que dizia e o que fazia. Não abraçava crianças simplesmente para ficar bem na foto do cartaz ou estampado na capa de algum jornal. Ghandi também é outro exemplo ainda mais recente que Cristo. Ele pautou sua luta por revolução sem armas a partir de suas atitudes. Fácil? Não foi. Mas seu exemplo ainda deveria causar vergonha para muitos de nós que prefere achar, afirmar, defender, propalar que o certo mesmo é apenas mandar.
No alto de sua empáfia, quem ouve falar deste tipo de pensamento faz até escárnio de quem acredita no poder do exemplo, na eficácia de fazer ao invés de simplesmente mandar. Felizmente, a sociedade é dinâmica. Não está parada. Ao contrário do que pensam os prepotentes as pessoas pensam e, por isso, se tornam melhores que eles.
Certamente o Criador deve tê-lo poupado de ter a visão, com um século de antecedência, do cenário patético, espalhafatoso, ridículo e boçal da odisséia de horror e vergonha que marcou a sessão do Senado Federal no dia 6 de agosto. Brasil (e mundo!) viu e ouviu por todos os meios e veículos possíveis quando os senhores Renan Calheiros e Tasso Jereissati –recuso-me a intitulá-los de senadores– resolveram protagonizar o circo dos horrores trocando agravos e palavrões que até de pensar é torpe.
A esta altura do campeonato, não vale mais a pena questionar o que motivou o início da discussão. Quem defendeu quem? Quem tem moral para atacar quem? Quem pode atirar a primeira pedra? Ninguém! O episódio me incentivou a, pela primeira vez, vir a público e registrar minha alegria e satisfação por ter votado nulo em todos os cargos da última eleição estadual e federal. Quando revelei a alguns amigos que havia feito isso, fui indagado do porque optei por esta atitude se sou um moço 'tão esclarecido'.
Pois bem, justamente por ser esclarecido optei, e tenho grande chance de continuar optando, pelo candidato "Dr. Nulo". No dia 6, a tranquilidade por não ser responsável pela presença de nenhuma daquelas pessoas naquele lugar foi um bálsamo para a alma e a certeza de que não errei.
Fui educado em casa e sempre vi no comportamento de gente decente que, ao presenciarmos o agravo entre qualquer pessoa, ou adotamos o "deixa-disso" ou, elegantemente, nos retiramos do local. Pelo que me recordo, as cenas mostram que a esmagadora maioria dos presentes no plenário do Senado permaneceram imóveis diante do circo. Pelo mínimo de nobreza que tivessem deveriam, na menor das possibilidades, fazer fila indiana e deixar os cachorros loucos se devorarem sozinhos. Mas, não! A sensação é que, instantaneamente, formaram torcidas e fizeram suas apostas para ver quem era melhor na patifaria.
Por um breve momento, parece que dá mesmo vergonha em ser honesto. Parece que não vale a pena evitar as escolhas que nos favoreceriam sobejamente e prejudicariam drasticamente a vida do próximo. Parece que ser mesquinho, avarento, mentiroso, hipócrita, ladrão dos homens e de Deus garante prestígio, fama e poder.
O poeta Asafe descreve sentimento semelhante no livro de Salmos. Felizmente, em um momento de restauração do equilíbrio espiritual ele constatou: "Bom é aproximar-me de Deus; ponho a minha confiança no Senhor" (Salmo 73:28). Sugiro que façamos o mesmo, para não perdermos a centelha de esperança que ainda existe.
Certa vez Jesus estava pregando em uma casa e contava com uma grande assistência. Ninguém conseguia entrar tal a multidão que se aglomerava para ouvi-lo. Quatro homens que levavam um amigo paralítico chegaram nesta casa com a meta de colocá-lo na presença de Jesus para que ele fosse curado.
Ao chegar, viram que pela porta não seria fácil passar por causa da multidão. A alternativa foi colocar o doente diante de Jesus pelo telhado. Os quatro amigos puseram-se a arrastar o doente sob o leito, abrir um espaço no teto e descer o paralítico. É claro que o paralítico pegou a própria cama e saiu daquela casa não sendo mais carregado.
Mas, o que chama a atenção nesta história é que em um determinado momento da narrativa, o evangelista Lucas alerta para o fato de que Jesus observou a fé dos quatro amigos. Não foi apenas a situação de clemência do paralítico que mexeu com Jesus, foi também a ousadia e disposição daqueles homens que decidiram ver a mudança na vida de um amigo.
Inspirado nisso, afirmo que os amigos servem para isso: carregar cama. Como assim? Se somos amigos de alguém e o vemos deitado, sem forças, desanimado, querendo desistir de tudo e de todos, podemos e devemos ter a disposição de fazer algo por ele. Não podemos desistir de ajudá-lo no primeiro obstáculo.
Podemos e devemos encontrar alternativas para driblar as circunstâncias que parecem dizer não. Permaneça perto, mostre o quanto se importa, cuide das feridas. Leve-o ao encontro de Jesus. Exigirá esforço, persistência, ousadia. Mas valerá a pena, você verá o seu amigo saltando como uma criança.
Esse tema parece trivial e, no estresse do cotidiano, se tornou, para alguns, banal. Ouso dizer 'alguns' pra não ser pessimista e afirmar 'todos' ou 'a maioria'. Prefiro crer no belo e não me render ao feio. Contudo, reconheço que vivemos numa situação em que não temos ou não queremos ter tempo para os amigos.
Nunca podemos ligar, escrever, visitar. Nestes tempos de mais modernidade e tecnologia da informação, também nunca temos tempo para mandar um scrap no orkut, e-mail, torpedo, post etc. Na maioria das vezes que lembramos de alguém ou é por interesse pessoal ou por tragédia (alguém morreu, ficou doente ou sofreu acidente) e isso quando se importa de saber ao menos como curioso. Sejamos francos: temos sido péssimos amigos!
Esse tema da amizade é tão importante para a saúde mental e espiritual do homem que a própria Bíblia não deixou de registrar fatos importantes relacionados a isso. Citou, por exemplo, que Abraão, o grande patriarca dos hebreus, foi reconhecido como amigo de Deus. Jesus, falando aos 12 apóstolos, afirmou: "Já não vos chamo servos... mas chamei-vos amigos...". Salomão, também disse que "O amigo ama em todo o tempo; e para a angústia nasce o irmão."
Ora, sendo a amizade um tema tão nobre, vale a pena investir nela. Não quero ser utópico. Nem todos são amigos de fato, que o diga Jesus Cristo, traído pelo próprio tesoureiro! Mas, se nos fecharmos e nos privarmos de boas amizades por causa dos que foram traídos ou que nos traíram, que faremos? Vamos nos isolar do mundo? Tentar viver em um circuito fechado, restrito e patenteado com as pessoas de ligação sanguínea? Se respondermos sim a estas alternativas, estamos optando por viver fora das possibilidades que o Criador traçou para a vida do ser humano.
Por nos criar com necessidades de agregação, Deus nos dotou de capacidades para superar as dificuldades que surgem nos relacionamentos e criou no homem mecanismos na mente e no corpo que são curados, estimulados e revitalizados graças ao toque, ao sorriso e ao estender das mãos de um amigo. Por valorizar seus amigos, o próprio Cristo afirmou que dava a sua vida por eles. E você, o que aceita fazer pelos seus amigos? Não precisa morrer por nenhum deles, Jesus já fez isso! Mas, sugiro que ao menos diga o quanto eles são importantes na sua vida.
Se a fábula do boneco de madeira que crescia o nariz a cada mentira se tornasse verdade no mundo real, os cirurgiões plásticos teriam que fazer plantão para cortar e recompor o nariz de um número gigantesco de pacientes. Os mentirosos por profissão estão presentes em todos os setores da sociedade. A consequência desta presença maciça é o enfraquecimento das relações humanas e, pior, o apodrecimento da vida social.
As relações humanas se enfraquecem à medida que, por causa dos seguidores de Pinóquio, as pessoas estão se tornando cada vez mais desconfiadas umas das outras. Vivemos um clima de tensão em que o próximo é sempre ameaçador, uma vez que é difícil precisar quando está falando a verdade ou mentindo. Os equipamentos que emitem relatório sobre quando uma pessoa está ou não mentindo com base no tom da voz, expressão corporal e efeitos orgânicos não estão acessíveis à maioria de nós.
Normalmente, conseguimos discernir quando nossos filhos, ainda pequenos, estão mentindo. Isso já se torna mais difícil à medida que vão crescendo e aprendem métodos que permitem afirmar uma mentira como se fosse verdade com a mesma técnica de um ator em cena. Como o nariz não cresce e uma mentira bem contada acaba convencendo e parece se tornar verdade, quando muito repetida, o hábito de mentir vai se alastrando na sociedade enfraquecendo paulatinamente a confiança mútua.
A podridão geral é provocada quando aquele mentiroso sem grandes pretensões da infância, se torna o executivo, gerente, líder, corretor, vendedor, advogado, senador, deputado, vereador, prefeito, professor, padre, pastor, enfim, tantas outras funções e nos mais diferentes lugares.
Uma das características dos mentirosos que mais me chama a atenção é o cinismo. São tão bons nisso que chego a pensar na regulamentação da profissão "Cínico". Fazem jus ao rótulo de cara-de-pau. Minha avó dizia que ao se barbearem não cai pêlo, mas sim, pó de serra. Ela tinha razão. Um presente que lhe cai muito bem, a qualquer época do ano, é óleo de peroba para garantir a cara cínica sempre lustrada.
Ainda fico estarrecido com a capacidade que esta raça de víbora tem de subir em qualquer tribuna, ocupar qualquer microfone e vomitar mentiras com a naturalidade de quem toma água para qualquer grupo de pessoas. E, se alguém aponta-lhes as mazelas, adotam o discurso do 'coitadismo' e logo se apresentam como vítimas de perseguição, incompreendidos pela massa. A partir daí, não são eles os mentirosos, mas as pessoas que os cercam que não valem nada.
Se vamos ficar livres da mentira e do mentiroso um dia? Eu prefiro crer que sim. Ao menos a Bíblia, em seu último livro e capítulo afirma que não poderão participar da alegria eterna aquele "que ama e pratica a mentira" (Apoc. 22:15). Amemos e pratiquemos, pois, a verdade, para termos melhor futuro que estes miseráveis.
Segundo o produtor do evento, Adriano Cardoso, a ideia é mostrar aos jovens um estilo de vida diferente. "Nesse mundo de loucura, é possível curtir rock e reggae sem drogas ou outras coisas que desagradam os olhos", comenta. Ele ressalta que a região não conta com baladas desse tipo e acredita que a inovação vai ser sucesso. "A gente precisa desses eventos, pois eles são uma overdose de vida."
Já Lucas Lima Prudente Correa, vocalista da banda Start, frisa que as canções do estilo gospel mostram aos jovens uma vida longe das drogas e perto de Deus. "É um som que atrai porque não é cansativo." Ele adianta que entre as músicas que serão apresentadas na noite estão "Abre a Janela" e "Geração que Dança".
Na ocasião, não serão vendidas bebidas alcoólicas e cigarros. O evento começa às 20h e vai contar com um cardápio variado de sucos e lanches. Os ingressos custam R$ 10, com a doação de um quilo de alimento não perecível (exceto sal e açúcar). Quem não doar o alimento pagará R$ 15. O Café Tequila fica na Alameda dos Restaurantes, Bulevar Beco Fino. Mais informações pelo telefone (11) 4521-4031.
"Senhor, livrai-nos da podridão"
A expressão "uma laranja podre em uma caixa estraga as que estão boas" é clássica para ilustrar sobre como uma pessoa de atitudes ruins pode envenenar a saúde de relacionamentos de qualquer grupo social em que esteja participando.
E olha que mãe trabalha! As horas de transpiração começam a partir do momento que o espermatozóide se apaixona pelo óvulo, invade a casa e, finalmente, nasce o embrião.
O trabalho e canseira se estendem ao longo dos nove meses quando o novo habitante faz manha, provoca enjôos, desejos, faz do útero um campo de futebol e tudo o mais.
A essas verdadeiras heroínas rendo minha homenagem, grato a Deus por usufruir a companhia e afeto da minha mãe que, abaixo das nuvens, é meu maior tesouro.
Elas topam tudo e garantem a construção de um mundo melhor
Olhando assim, fica fácil culpar a mulher. Mas, reduzir o erro à responsabilidade feminina é ignorância e falta de conhecimento de outros textos que falam sobre a mulher. É bom lembrar que os relatos bíblicos estão repletos de mulheres que exerceram funções de chefe de exército a protagonistas de verdadeiras epopéias com muito sangue, suor e lágrima.
A velha história de 'mulher tem que ficar em casa, esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque' há algum tempo provoca profunda irritação nas mulheres de todas as idades.
Em tempos remotos, a sociedade era composta por mulheres que até endossavam esse conceito da mulher exclusivamente doméstica, sem direito a estudar, trabalhar fora de casa ou ter vida social com o mínimo de badalação.
Tudo era supervisionado ou controlado primeiro pelo pai, irmão mais velho, tios, padrinho de batismo, marido, enfim, sempre algum homem se sentia no direito ou obrigação de fazer a tutela da mulher de modo que a liberdade de expressão e ação femininas era algo impensável.
Felizmente, a sociedade está sob constante mudança. Quer pelo amadurecimento de ideias ou pelo derramamento de sangue, estamos sujeitos a novos modelos, quebra de tabus e, enfim, alcançarmos o tão almejado progresso e desenvolvimento social.
Por que não ficamos constrangidos em dar gargalhadas em público, mas na hora do choro somos capazes de engolir a emoção e não deixar extravasar? Acho engraçado o quanto somos capazes de usar abusivamente a forma de expressão do riso, contudo, temos medo, vergonha, sei lá o nome disso, de usar as lágrimas.
Em geral, preferimos classificar o choro como forma barata de sensibi-lização, artifício de fracos.
Só admitimos como aceitável o choro de uma criança ou então em caso de dor aguda provocada por ferimento ou enfermidade.
Por quê? O que nos faz fugir tanto do choro? Medo de parecer ridículo ou de borrar a maquiagem? Creio que nem uma coisa nem outra. É apenas o medo de se expor. Mostrar que não é super-homem. Medo de mostrar que tem sentimentos, que é tão frágil quanto todos os outros mortais.
Mesmo sendo mortais, nos valemos da hipocrisia e fingimos uma força que não temos, nos fechamos ao choro. Entretanto, o imortal, Mestre da Vida, peregrino sobre a terra com o nome de Jesus, em frente ao túmulo de um amigo, simplesmente chorou.
A beleza e força do choro do Nazareno foi tamanha que o evangelista João registrou: "Jesus chorou", revelando a impressão que isso lhe deu. Ora, se Cristo sendo quem era e quem é para a História da humanidade, não teve vergonha de chorar em público, por que não lhe seguimos o exemplo?
Assim como expressamos as dores do corpo com o choro, podemos e devemos expressar também as dores da alma. Esse escancaramento não vai diminuir sua autoridade no trabalho, na família ou lhe ridicularizar. Pelo contrário, lhe dará mais respeito por não se envergonhar da sua humanidade.
Se você está num momento em que precisa chorar, chore! Procure um amigo, o cônjuge, alguém com quem possa partilhar sua dor. Se estiver próximo a alguém que precisa de um ombro, aproxime-se, acolha e chore com ela.
Tenha certeza que as lágrimas que correm juntas, além de ajudar a curar das mágoas, tira o sabor de fel e acabam se tornando fonte de irrigação para que o jardim da vida floresça cada vez mais belo e forte depois do rigor de cada inverno.
O Criador nos deixou todos os legados da emoção para que entendamos o quanto precisamos uns dos outros, tanto para rir quanto para chorar. Como rir já é uma coisa da qual nos orgulhamos, vamos aprender a ter orgulho também da nossa capacidade de chorar!