Espetacularização religiosa


Não tenho nenhum óbice quanto a ação de graças pela vida de qualquer líder religioso. Acredito que a gratidão expressa de modo genuíno, com alegria, sem hipocrisia, é um bálsamo. Contudo, querer "espetacularizar" esta ação, sob a minha perspectiva, perde muito do seu valor. E foi esta a leitura que fiz no programa que foi ao ar hoje (31 de maio), pela Rede TV, mantido pela Igreja Assembleia de Deus - Ministério do Brás.

Por um longo tempo, o apresentador do programa e presidente da referida igreja, Samuel Ferreira, fez questão de anunciar algumas autoridades políticas que prestigiaram o culto em ação de graças pelo seu aniversário. Assisti as falas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e do vice-presidente da República, Michel Temer. Também estavam lá outros nomes como José Serra, Paulo Skaf etc. Ele fez questão de dizer que recebeu telefonema da presidente da República Dilma Rousseff.

O próprio Temer citou que o ato religioso de ação de graças, acabou por permitir que integrantes de correntes políticas tão divergentes estivessem "religadas", aludindo ao significado da palavra "religião". Lindo! Poético! Filosófico! Contudo, não me convence, tampouco me agrada.

Quem sou eu diante dele? Um anônimo para a mídia, é verdade. Mas, diante de Deus, com o mesmo valor. Afinal, o Cordeiro de Deus, morto em Jerusalém há cerca de dois mil anos, resgatou a mim e a ele, isto é, pagou o mesmo preço pela minha vida, como pela dele e de todos os homens: o preço de sangue.

Como disse o irmão do aniversariante, pastor Abner Ferreira, não tenho fama, mas sou importante, para Deus, para minha mãe, meu pai, meus irmãos, meus amigos. E, por isso, também posso falar.

Estou ficando cada dia mais irritado com a tentativa de adulteração do centro da fé cristã. No cristianismo que eu acredito e pratico EU NUNCA SOU O CENTRO, NEM NINGUÉM. O único que está o tempo todo em evidência, porque pode, porque é, porque faz, porque manda e ninguém desmanda, é Cristo.

A minha música, não pode me tornar um ídolo. A minha habilidade retórica, também não me faz subir a um trono de divinização. A quantidade de pessoas que dirijo pode me delegar respeito, autoridade, mas não centralização, "endeusamento".

Tudo o que faço dentro do reino de Deus tem um fim: A GLÓRIA DELE. Ademais, se canto, prego, escrevo, ensino, administro, lidero, limpo, construo, pinto, monto, desmonto etc, não são habilidades minhas, foram dadas por Deus. E, portanto, não posso querer mérito por aquilo que não é meu e, sim, de Deus. Se oro por um enfermo e ele é curado, isso não me torna diferente, especial. Evidencia apenas minha condição de servo de Deus e dos homens. Pois o evangelho legítimo ensina que não fomos chamados para sermos servidos, mas para servir. Foi isso que o Autor da Vida ensinou e praticou.

Sou cristão protestante com educação de berço. Não estou neste grupo religioso por ferro e fogo. Meus pais nunca me obrigaram. Foi minha escolha. Tal qual propôs Josué aos hebreus assim que cruzaram o Jordão.

Mantenho comunhão com pessoas de todas as denominações evangélicas e até outras correntes cristãs. Tenho divergências quanto a alguns costumes, mas mantemos acordo nos pontos doutrinários e cruciais da fé.

O fato de ser evangélico não me faz ter medo de falar contra o que não me agrada dentro da minha corrente religiosa. Pelo contrário, sinto-me credenciado a tal. Vou mudar o mundo? Não. Vou apenas manter minha consciência tranquila e meu fígado desopilado.

O evangelho não mudou seu centro: Cristo. O conteúdo da mensagem continua sendo a mudança do interior do homem e não apenas de seus recursos financeiros (prosperidade tosca). Cristo não chamou ninguém após si para ganhar chave de casa, carro, apartamento, temporada em resort. Ele propôs renúncia a si mesmo e tomar a cruz. Difícil? Pelo menos é claro. Sem rodeios.

Jesus, o Messias, continua sendo o padrão, o modelo, a Rocha, o Caminho, a Verdade, a Vida. Só Ele é o Pão Vivo que desceu do céu. É da sua mão que se pode beber água que forma dentro do homem uma fonte que salta para a vida eterna. Como escreveu o autor do Hino 8 da Harpa Cristã, José Rodrigues, "Cristo, o Fiel Amigo", "Ele só, Ele só"!

Pronto. Falei!

 
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