Ser respeitado enquanto minoria não é impor caprichos, é entender limites




O que exponho a seguir é o pano de fundo da minha infância, em Ilhéus/BA, que me credencia a não admitir qualquer indivíduo, com quaisquer justificativas sejam elas "artísticas" ou "religiosas", impondo-me suas certezas sobre o que é "tolerância ou intolerância" religiosa, respeito à liberdade de expressão e/ou crença.  São fatos que não me tornam melhor ou superior a ninguém, mas que resultam numa postura de não me intimidar diante de minorias ruidosas. Gente que quer respeito, mas não o oferece. Gritam por direitos, mas exigem privilégios. Alegam defender igualdade, mas buscam mesmo vantagens.

O que descrevo, vivi entre os anos de 1985 a 1989. Quando a população evangélica era proporcionalmente muito menor do que atualmente. Ou seja, religiosamente, éramos MINORIA. E, mesmo assim, não estávamos com dedo em riste afrontando a ninguém.
Fiz o meu ensino fundamental ouvindo a "Ave Maria" e orando o "Pai Nosso", antes do início das aulas todos os dias. Estudei da pré-escola à quarta série, ou seja, cinco anos, num ambiente marcado pela influência do catolicismo romano posto que o instituto responsável pelas escolas pública e privada do complexo traz o nome de "Nossa Senhora da Piedade". Minha unidade escolar era (e é) Santa Ângela.
Frequentei a capela do Instituto que integra um convento (vide foto). Ou seja, o filho de um PROTESTANTE estava, com regularidade, em santuário católico (um dos mais belos que conheço inclusive).
No horário do "recreio", como era mais recorrentemente chamado o intervalo, eu tinha a presença de uma imponente e severa Madre Superiora que, por razões dos seus votos, jamais poderia deixar o hábito de lado. Quem era esta digna senhora conhecida como madre Maria Clara? Nada mais, nada menos que a diretora da instituição.

No que isso me agrediu? Absolutamente nada! No que feriu a confissão de fé da minha família que já era protestante antes de eu nascer? De novo, em nada.
Muito pelo contrário. Só me enriqueceu, fortaleceu, fez crescer como cidadão, ser humano. Afinal, nas reuniões de pais e mestres, o que eu via na mesa de honra era a Madre, nossa diretora, fazendo questão de ter ao lado um líder evangélico que era, por acaso, meu pai. Que, convém lembrar, tinha de se pronunciar sempre, por EXIGÊNCIA da madre Maria Clara. Aplicava-se ali, o "manda quem pode, obedece quem tem juízo".
Tudo sempre com respeito e afeto mútuos que transcendia quaisquer divergências teológicas que estavam presentes e continuam até os dias de hoje. Nada, porém, que fizesse meus pais determinarem que eu não podia ficar na sala de aula no momento de orar a "Ave Maria" ou que teria de ficar fora de qualquer evento realizado na capela do convento. Ser respeitado como minoria, está muito longe do que querem fazer parecer verdade atualmente.

BISPO DE APUCARANA CONCLAMA UNIÃO CONTRA A REDE GLOBO




Durante celebração no último dia 12, o bispo da Diocese de Apucarana, Dom Celso Antonio Marchiori, foi contundente no alerta aos fiéis, ao abordar sobre a campanha de desconstrução de valores cristãos orquestrada pela emissora carioca: "Vamos nos unir contra este espírito diabólico que, inclusive a Rede Globo está espalhando contra a família".
Na conclusão da Homilia, Dom Celso alertou a assistência, ciente do poder de alcance de sua expressão uma vez o evento estava sendo transmitido pela internet.
Abaixo, transcrição de trecho (link da transmissão no final do post):
"Faço um apelo a todos os católicos. E aqui, certamente, todos nós temos na nossa família algumas pessoas que não são católicas mais, são evangélicas ou de alguma outra religião. Fale com elas e vamos nos unir contra este espírito diabólico que, inclusive a Rede Globo está espalhando contra a família, contra a religião.
Cuidado com as novelas. Nós, católicos, não deveríamos mais assistir nenhuma novela da Globo. Nós, católicos, aliás, não deveríamos mais assistir a Rede Globo, porque a Rede Globo é um demônio dentro das nossas casas.
Com suas novelas, com os seus programas. Inclusive com alguns programas, às vezes, com uma aparência religiosa, cuidado! Porque a palavra de Deus diz, São Paulo que fala na primeira carta aos coríntios: "o diabo tem o poder de se transformar num anjo de luz para enganar, se possível até, os eleitos". Portanto, às vezes um fervorinho na Rede Globo não quer dizer que a Rede Globo é uma rede católica, é uma rede religiosa. É uma rede manipuladora de opinião, está nos manipulando, está nos conduzindo para o abismo, para destruição.
Nós precisamos nos unir. Conversando esses dias com o pastor Valdir, o pastor Accioly, da Assembleia de Deus, nós conversávamos justamente sobre isso. Precisamos nos unir contra essa ditadura da Rede Globo que nos manipula, que nos destrói, que justamente quer que aconteça isso, que a religião, que a família sejam totalmente destituídas, destruídas."

Espero, sinceramente, que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) preste-se a apoiar o religioso que, até o momento, foi o mais corajoso dentro do universo católico, seguido do padre Paulo Ricardo. D

o meio evangélico, Silas Malafaia manteve a postura e já mandou o recado, também. 
<https://youtu.be/6iEFfwISdJQ>

Vídeo completo da missa. Apelo do bispo diocesano a partir de 1h03min.<http://bit.ly/DomCelso_BispoApuracana>

NOSSAS CRIANÇAS




Por: Alexandre Garcia (Jornal "O Globo", 4 out 2017)


O volante Gabriel, do Corinthians, foi suspenso por dois jogos por causa de gesto obsceno feito para a torcida do São Paulo. Ele pusera a mão sobre a porte da frente do calção, entre as pernas. Fico me perguntando se seria arte, na mesma cidade, quando aquela mãe induziu a filhinha a tocar num homem nu, deitado no chão. Em Jundiaí, a alguns quilômetros dali, um pai de 24 anos foi preso por estar fumando maconha no carro de vidros fechados, com seu bebê de uma semana deitado ao lado. Fico me perguntando porque estava aberta para crianças uma exposição em Porto Alegre que mostra um negro com pênis de um branco na boca, enquanto outro branco o penetra por trás. A mesma exposição tem uma ovelha sendo violentada por duas pessoas, enquanto uma mulher pratica sexo com um cachorro. Não entendi porque isso estava num museu, aberto a crianças, e não numa casa noturna de shows de esquisitices sexuais e restrito a adultos. 

Tampouco entendi a performance de um homem nu que esfrega num ralador uma imagem de Nossa Senhora. Em São Paulo, alguém que pensa que somos idiotas explicou que o homem nu é arte interativa com o corpo humano. Ora, arte com o corpo humano é o que a gente vê, e aplaude, no Cirque du Soleil. E a Veja, de que sou assinante, deve pensar que abandono meus neurônios ao abrir a revista. Comparou as garatujas da exposição de Porto Alegre a Leda e o Cisne, de Leonardo. Como piada, eu poderia acrescentar, no mesmo tom, que deveriam convidar o tarado ejaculador em ônibus para mandar uma foto a ser exposta entre as semelhantes manifestações de "arte". As pinturas murais artesanais eróticas em Pompéia, têm um significado histórico que o mau-gosto do tal museu não tem. 

Tudo bem, eu não gosto mas há milhões que gostam. Respeito. Só não aprovo, como cidadão, que abram as portas para as crianças se chocarem com essas agressões. Que limitem a adultos. Aprendi que arte é beleza, tem padrão estético, tem perfeição técnica, dá prazer intelectual. Há quem pense que arte é escatologia, agressão, garatujas ou até uma tela pintada de branco. Como disse Affonso Romano de Sant'Anna: "arte não é qualquer coisa que qualquer um diga que é arte, nem é crítico qualquer um que escreva sobre arte"

No Peru, o povo encheu as ruas de Lima para exigir a retirada de doutrinação de crianças em assuntos sexuais no ensino público. E ganhou. Nas ruas, defenderam que as crianças são educadas pelos pais e parentes. No Senado brasileiro, excelentes senadores, como Ana Amélia (RS) e Magno Malta (ES) estão convocando os responsáveis por tais exposições a explicarem em CPI onde não estão agredindo o Estatuto da Criança e do Adolescente e qual o objetivo de envolverem crianças nos seus estranhos experimentos.


Publicado originalmente no Jornal "O Globo", de 4 de outubro de 2017. 

PSEUDO-ARTISTA VILIPENDIA ELEMENTOS DO CATOLICISMO





Uma performance apresentada, desde 2015, por um pseudo-artista identificado como Antônio Obá, passou a ganhar alguma consideração nas últimas semanas. Isso porque o tal professor de arte, goiano, que dá aulas em cidades satélites de Brasília, é um dos finalistas do Prêmio Pipa que é realizado desde 2010, em parceria entre o Instituto PIPA e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

A exposição foi aberta no dia 23 de setembro. O vencedor, de acordo com o juri especializado, vai receber um prêmio no valor de R$ 130 mil (que inclui uma residência em Nova York). No dia 18 de novembro, ocorre o anúncio do vencedor de acordo com o voto popular. Esta votação vai garantir mais R$ 24 mil ao artista com mais votos definidos pelos visitantes da mostra.

A performance consiste no professor entrar em cena nu, cobrindo a genitália com uma imagem em gesso de N. S. Aparecida. Na sequência, ele abaixa-se junto a um ralador, esfrega a imagem, pega o pó resultante e espalha no corpo.

O vilipêndio, rotulado como arte, recebeu o título de "Atos da Transfiguração: Desaparição ou Receita para Fazer um Santo". O idealizador alega que faz “pesquisa” com temas como o sincretismo religioso, a miscigenação, as raízes afro-brasileiras e o erotismo. Para ele, seu ato de agressão a um símbolo católico produz "novos significados, que criticam o racismo velado da sociedade brasileira e remetem às tradições das religiões de matriz africana”.

Como evangélico (com todas as minhas ressalvas a alguns dogmas da igreja Católica) este é o tipo de agressão rotulada de "arte" que não pode ser tratada como insignificante.

Solidarizo-me a todos os católicos que sentem-se ofendidos, porque o foram. E se há católico que não se importa com uma agressão desta natureza, é melhor mudar a sua identificação religiosa.

HÓSTIAS EM PORTO ALEGRE
O mesmo peladão do ralo, assina outra peça "artística" intitulada “Et Verbum” que consiste em uma caixa de madeira com hóstias grafadas em vermelho palavras como “pênis”, “língua”, “vagina”, “poesia”, “quanta pele há na voz?”, “abaporu” etc. A discussão imbecil de estar ou não consagrada para o ato litúrgico da missa, não anula a iconografia do elemento da Eucaristia.

Se alguém pegar uma imagem de Iemanjá, Cosme e Damião, ou qualquer outro símbolo de alguma religião de matriz africana, e chutar, queimar, ralar, cuspir, isto é, VILIPENDIAR, em ato público --mesmo que seja em alguma imbecilidade rotulada como "mostra artística", "exposição cultural"-- também será crime.

O mesmo será válido para um retrato de Alan Kardec, Chico Xavier, uma escultura de Buda ou qualquer outro elemento de qualquer religião por menor que seja o número de seus praticantes. O que relato não é crime porque ofende uma maioria cristã, neste caso, de confissão católica. Seria para qualquer grupo religioso.

CRIME PREVISTO EM LEI
A despeito de quem sai vociferando e chamando todo lixo como arte, o Código Penal Brasileiro tem resposta no seu artigo 208: "Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; VILIPENDIAR PUBLICAMENTE ato ou OBJETO DE CULTO RELIGIOSO (grifo meu):
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa." (1)

PARA QUEM SÓ ENTENDE BORDADO
vi·li·pen·di·ar (2)
1. Tratar com vilipêndio. = DESDENHAR, DESPREZAR, MENOSPREZAR
2. Considerar como vil ou indigno.
3. Desrespeitar.

_____________
(1) Fonte:

(2) Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/vilipendiar.

Sobre o peladão do MAM




Sou contra as pessoas andarem peladas por aí ou em apelações rotuladas como "arte"? Sim, sou. E isso por diversas razões. Vou dar primeiro o argumento teológico, na sequência o argumento legal.

A vida em sociedade no Ocidente está calcada em valores judaico-cristãos. Logo, os índios não conheciam esses valores. Houve uma dominação de um povo sobre o outro --coisa que não é novidade do século 16-- e as regras mudaram. Ponto. Cumpra-se o que a MAIORIA tem como princípios e valores.

Minorias ruidosas devem aprender a se comportar dentro dos limites impostos quer pelo código escrito ou pela tradição oral vigente. Para mudar isso, devem conseguir, primeiro, ser maioria no conjunto da sociedade, depois, ocupar os parlamentos que elaboram e aprovam as leis e, finalmente, fincarem bandeira no judiciário onde se garante o cumprimento das mesmas.

Não sou adepto, não defendo e rechaço a gritaria que se pretende mais "elevada", "cult" ou coisa que o valha, que exige a prevalência de minorias, sobre maiorias. Não querem direitos, exigem privilégios. Reivindicam respeito, mas desrespeitam. Querem ser ouvidos no berro, mas não acatam o discurso dissonante ainda que seja sussurrado.

De volta ao peladão.

ARGUMENTO TEOLÓGICO
Quando Adão e Eva desobedeceram a ordem divina de não comer do fruto proibido, eles mesmos buscaram meios de esconder as genitálias.

Deus é que se deu ao trabalho de virar curtidor (posto que usou pele de animal) e alfaiate para entregar as primeiras indumentárias com o objetivo de (1) marcar uma mudança do estado de consciência da inocência, em plena comunhão com Deus, para a do pecado, quando a comunicação com o Criador foi alterada; (2) proteger o corpo.

Teologicamente, portanto, a roupa além de cumprir a função de proteger o corpo, marca uma transição que foi, em tudo, prejudicial para a espécie humana.

Quando, com inúmeras desculpas, os indivíduos saem em defesa da nudez, o que está no pano de fundo, na verdade, é uma artimanha de tentar minimizar o evento do Éden. É como se dissessem: o Todo-Poderoso estava equivocado no seu ato.

Os humanistas, esquerdistas, esquerdopatas e afins vão apelar alegando sobre o naturismo dos índios na chegada dos portugueses e espanhóis ao Novo Mundo. Quanto a isso, nem vou me alongar, mas não preciso me omitir: os indígenas foram superados pela maioria de hoje. Suas práticas não precisam ser resgatadas e repetidas pelos dominantes de agora. Quer gostem ou não. Na introdução já dei o caminho de como reverter isso.

ARGUMENTO LEGAL
O Estatuto da Criança e do Adolescente, o tal do ECA, afirma o seguinte no seu artigo 232: "Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento. Pena - detenção de seis meses a dois anos." Mais à frente, no artigo 241, lê-se: "Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa."

A defesa do peladão vai alegar que seu ato "artístico" não era de sexo explícito ou pornográfico. Pois bem. O mesmo artigo complementa, explica, desenha, borda: "Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, REAIS OU SIMULADAS (grifo meu), ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais."

E ninguém venha dizer que a manipulação de um corpo nu por uma criança não é uma simulação de ato sexual explícito.

Além do ECA, o Código Penal vigente no Brasil afirma em seu artigo 234: "Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa." O artigo pontua, ainda em seu parágrafo único que a pena é extensiva a quem "II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno."

O peladão poderia ficar dias exposto, dançando, sendo tocado, manipulado, acariciado, beijado no MAM? Sim. Poderia. Desde que não houvesse criança envolvida. Ah! Mas a mãe autorizou, estava junto. Legalmente, estava errada a mãe e a curadoria do museu.

Esta aberração pode ser rotulada de arte, mas não significa que o seja. Para definir arte, prefiro a visão transcendental apresentada por Ariano Suassuna: "A arte, de um modo geral, é uma forma precária, mas ainda assim poderosa, de afirmar a imortalidade." 

Este, e outros lixos que se espalham pelo Brasil, podem ser tudo, menos arte. Refiro-me a eventos de afronta à família e aos valores judaico-cristãos em exposições no Santander Cultural, em Porto Alegre, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, ou a depilação íntima de uma mulher em praça pública, com crianças em volta, às 14 horas, de um sábado, em frente ao Museu Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro.

ESTATÍSTICAS

Sobre o universo de pessoas que se manifestaram contra o peladão do MAM, a empresa SocialQI fez um levantamento nas redes sociais, divulgado pela colunista Mônica Bérgamo, e apurou 157 mil pessoas comentaram o assunto até o dia 4 de outubro em sites, blogs e redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram: 66% se posicionaram contra a performance, 16% foram neutros e 18% defenderam o MAM.

Literatura das trevas


ALERTA PARA QUEM 
NÃO QUER PERDER 
SEUS FILHOS PARA OS 
ENVIADOS DO DIABO

Os livros que apresento neste post são voltados para crianças.

"A Máquina de Brincar", de Paulo Bentancur, publicado pela Editora Bertrand Brasil, tem oração ao Diabo que é rotulado como "grande amigo" com convite para brincar. Neste apanhado de lixo rotulado de literatura, Deus é tratado como uma criança muito pequena, que tem medo de descer do céu e que ao aceitar brincar de cabra-cega resolveu se esconder para sempre.

"Enquanto o sono não vem", de José Mauro Brant, publicado pela Editora Rocco, apresenta um poema que narra a intenção de incesto e a conclusão com um suicídio. Nos versos, um rei diz a uma das 3 filhas que se ela aceitar se casar com ele, a mãe dela será feita empregada. Com a recusa da moça, ela é enclausurada e castigada a comer carne salgada, sem beber água. Em dado momento, o tal rei permite que três cavaleiros levem água, quem chegasse primeiro casaria com a princesa. Foi tarde, pois a donzela havia se suicidado.

Em "ABC Doido", de Angela Lago, publicado pela Melhoramentos, as letras do alfabeto são associadas a objetos nos mesmos moldes de "T" de tatu. Neste lixo, no entanto, o "T" é associado ao Tridente do Diabo.
E depois querem que eu seja ameno no meu discurso contra essa gentalha encapetada? Pode vir que tem chumbo e disposição para a guerra.





#FacaNosDentes #NemPrecisoAgradar

Homenagem póstuma ao pastor Mauro dos Santos

A biografia abaixo foi elaborada para a celebração do aniversário de 58 anos do meu pastor Mauro dos Santos. Pela soberania do Eterno, não poderei congratular-me pelos seus 70 anos, que seriam completados este ano. Fica, todavia, meu tributo ao pai, pastor, amigo, referência, conselheiro, meu incentivador pessoal. 

A narrativa sintetiza a trajetória até o ano de 2005. De lá para cá, muitas outras batalhas e vitórias foram travadas. Muito embora me falte o registro, tenho certeza que em todas o nome do Senhor foi glorificado.

A Deus seja toda honra, glória e louvor. Até breve, meu pastor. 



"Mauro dos Santos, nasceu no dia 14 de outubro de 1947, mas só foi registrado em 1948. Naquele tempo, há muito, muito tempo atrás... era assim mesmo. Filho de Marinho Batista dos Santos, já falecido, e de Maria Isergina dos Santos, é o sexto filho de uma família bem numerosa com 8 irmãos.

Seus irmãos e irmãs Orlando, Orlandir, Valter, Valteci, Marlene, Neli e Neumi, foram criados em um lar que podia contar com a graça de Deus, pois a mamãe era mulher temente que procurava educar os filhos na admoestação do Senhor.

Mesmo tendo ouvido por toda infância e início da adolescência acerca das coisas que são de cima, o jovem Mauro, desejou conhecer um pouco as coisas que são de baixo. Era o mundo oferecendo-lhe as belezas e facilidades tão passageiras. Mas Deus, que é rico em perdoar, nunca deixou de revelar ao jovem Mauro o quanto se importava com ele e, frequentemente, o Espírito Santo lhe fazia lembrar da obra para a qual ele foi chamado.

Enquanto esteve fora da igreja, quase se tornou jogador profissional de futebol. Como teve tempo oportuno de se encontrar com o Salvador Jesus, abandonou o futebol e ficou com Cristo e começou a se dedicar na profissão do pai: marceneiro. Foi se especializando, aprimorando os desenhos de móveis e se tornou um profissional de mão cheia na obra de marcenaria.

O casamento
A vida simples e laboriosa, tornou o jovem Mauro um homem experimentado, muitas vezes calejado por alguns sofrimentos e angústias que pareciam querer invadir o seu coração. Mas, na amizade ainda da infância encontrou o amor que estaria ao seu lado na alegria e na tristeza, na tempestade ou na bonança, na fartura ou na escassez. A amiga que ganhou status de “mulher mais linda do mundo” , chama-se Genesi. Uma união que tinha que dar certo, pois se conheceram na infância, ele brincava com outro menino que se tornaria seu cunhado, mas nem dava muito crédito à irmã do amigo. Não se viram durante muito tempo. Passaram a adolescência e começo da juventude sem saberem o paradeiro um do outro, quando se encontraram de novo, foi amor à primeira vista, casaram-se no dia 11 de novembro de 1972, ele estava com 24 anos.

O retorno à casa do Pai
Depois de algum tempo tentando fugir do chamado de Deus, chegou o momento em que não conseguia mais resistir. Os frequentes apelos do Espírito Santo feitos através da mãe, do irmão Valter que já era pastor e de outros porta-vozes do Altíssimo ecoaram muito forte no seu coração. Todos aqueles convites o fizeram refletir sobre o que queria para o futuro de sua alma. Decidiu que voltaria à casa espiritual de onde tinha saído no início da juventude. Foi uma entrega total de corpo, alma e espírito ao Rei Jesus no dia 31 de maio de 1974. Já são 31 anos aos pés do Meigo Salvador Jesus.

O dia de Natal, para o pr. Mauro, é uma data de significado muito maior do que troca de presentes de fim de ano. Foi no dia 25 de dezembro de 1974, 8 meses depois da sua conversão, que ele desceu às águas batismais, testificando o novo nascimento que havia experimentado em Cristo.

A disposição na obra de Deus
Hoje, além da carteirinha de pastor, podemos dar algumas outras pra ele: marceneiro, pedreiro, mestre-de-obras, engenheiro, pintor, projetista, designer de interiores, enfim, o homem não pára. Recentemente, pra ver se ficava quieto um pouquinho, teve que torcer o pé e ficar no gesso.

Tanta vontade de trabalhar para o Senhor fez com que crescesse rápido no ministério. O desejo de fazer algo para o Senhor se mostrava tão intenso, que quando ainda nem era separado ao ministério, em um certo culto, assim que o pr. Sebastião anunciou o recolhimento das ofertas, correu na frente e pegou uma salva, os diáconos reclamaram um pouco daquele “novo convertido entrão”, mas ele nem se importava, queria mesmo era trabalhar. Por tanta disposição, logo foi colocado como porteiro e cooperador.

A disposição para o trabalho vem de longe, se mostrou logo cedo no reino de Deus. Entregou-se a Jesus no dia 31 de maio, um sábado. No dia seguinte, 1 de junho, já estava no mutirão da igreja em Cuiabá. Olha que em matéria de construção o pastor Mauro gosta e entende. Ajudou a construir a sede nova de Cuiabá nos anos 70, construiu a primeira igreja que pastoreou no jardim Primavera. Reformou, ampliou, inaugurou templos e novos espaços consagrados ao Deus vivo. Participou na construção do Grande Templo em Cuiabá, e agora, está deixando sua marca em mais uma construção que é a nova sede de Várzea Paulista.

O crescimento da família e no ministério
O ano de 74 é um marco na vida do pastor Mauro. Além de ter aceitado Jesus e ser batizado, foi nesse ano que segurou nos braços o primeiro filho. Marquinhos, foi o responsável pelo primeiro grito de: “EU SOU PAPAI!!!” do jovem Mauro, no dia 7 de novembro de 1974.

Em 1976, foi separado para diácono no dia da inauguração da nova sede em Cuiabá. Junto com a alegria do crescimento ministerial, ocorreu a tristeza de perder o segundo filho, Márcio Roberto. Mas Deus, que sempre cuida dos seus, prometeu mais filhos que garantiriam a riqueza do lar. E assim aconteceu, enquanto crescia no ministério, a família aumentava também.

No ano que foi separado para o presbitério, chegou a Maura no dia 15 de novembro de 1978, nesse período já era líder da juventude. Sempre se esforçou tanto para fazer um belo trabalho com a juventude, que o pastor Sebastião o nomeou como Líder Geral de Mocidade do Campo de Mato Grosso.

Pastor Mauro foi o primeiro a ocupar essa função em todo o Estado, deixando sua marca como pioneiro. Realizou o primeiro congresso da juventude em Cuiabá e criou a primeira sigla do trabalho: UMADEMAT – União de Mocidade das Assembléias de Deus de Mato Grosso. Por conta disso, podemos dar mais uma carteirinha pra ele, a de publicitário.

Ah, se alguém abrir um restaurante, pode chamar o pastor Mauro pra ser o mètre ou o gerente, pois enquanto era líder geral da mocidade no Estado, ainda atuava como responsável pelo refeitório da igreja sede em Cuiabá... Ufa !!! Haja fôlego.

No ano da separação para Evangelista, chegou mais um filho. Essa era a vez do Marcelo que nasceu no dia 28 de janeiro de 1980. Pra não deixar dúvidas de que cada filho marcava um novo degrau na vida ministerial, no ano que foi nomeado para pastorear igrejas foi a vez de chegar a Mara no dia 6 de julho de 1983.

As igrejas por onde passou
No ano de 1983, pr. Mauro abriu em sua casa, por determinação do seu pastor, um ponto de pregação que viu Jesus salvar uma família com 8 pessoas logo no primeiro culto. Era Deus confirmando o chamado para o episcopado. Os milagres não cessavam de acontecer. O ponto de pregação, no jardim Primavera, se tornou a primeira igreja que ele pastoreou. A benção era tanta que Deus moveu o coração de uma pessoa que doou o terreno para a construção dessa igreja. É, não tem jeito, pastor Mauro é um engenheiro de Deus!

Depois de 3 anos no Jardim Primavera, em 1986, começou a pastorear a congregação “Cristo Rei”. Novamente a marca de um ministério dado por Deus se manifestou. Um avivamento que aquela igreja não havia experimentado começou a acontecer. Depois de vários meses de consagração, Deus bradou tão alto que um culto iniciado no domingo pela manhã só acabou às 2 horas da tarde. Irmãos arrebatados em espírito, pessoas curadas, novos convertidos que no momento da conversão já eram batizadas no Espírito Santo, enfim, um verdadeiro soprar do Espírito de Deus. O mover foi tanto que se tornou notícia no “Mensageiro da Paz” daquela época.

A terceira igreja que o pastor Mauro assumiu foi como presidente do campo de Poxoreo, com apenas 6 igrejas, mas que não escapou de um grande mover de Deus. Nessa cidade, o último pastor havia permanecido por 22 anos. Deus usou o pr. Mauro para trazer renovação espiritual. O avivamento da igreja foi tal que trouxe admiração para toda a cidade.

Saindo de Poxoreo, pastor Mauro e a família foram para Rondonópolis, na congregação da Vila Operária. Nessa época, Deus não deixou de se manifestar com os sinais que sempre vinha marcando o seu ministério, mas era tempo de descer o vale. Foi tempo de ficar a sós com Deus e aprender de forma ainda mais profunda a manter relacionamento com Aquele que põe uma mesa no deserto para aqueles que O temem.

Como o momento era de travessia no deserto, o pastor Mauro, a irmã Genesi, os pequenos Marcos, Maura, Marcelo, Mara e mais duas jovens que moravam com eles aprenderam muito o valor da oração.

A rua que eles foram morar era uma rua muito perseguida por ladrões. Mas a oração era tanta na casa desses crentes que os próprios vizinhos disseram, tempos depois, que nenhum ladrão nunca mais perturbou aquela rua até nos dias de hoje.

O tempo de cantar chegou,dessa vez na congregação do Jardim Paula II, em Cuiabá. Novamente Deus usou a vida do seu vaso para conduzir o povo pelos pastos verdejantes do avivamento espiritual. Esse avivamento durou 6 meses e começou com o batismo com o Espírito Santo de 17 crianças. Nessa época, o Espírito Santo estava dirigindo o coração do pastor Mauro pra vir embora para São Paulo, mas as circunstâncias ministeriais, o apego ao pastor presidente do campo, o receio de dar um passo apenas por emoção, retardaram um pouco a mudança.

O tempo de sair da própria terra
Insistiram um pouco mais no Mato Grosso e foram para a igreja em Alto Araguaia. A partir daí, os sinais já não estavam tão freqüentes quanto antes. Era Deus mostrando que sua vontade era de trazer o pastor Mauro para as terras paulistas. Um novo deserto se instalou. Noites em claro, questionamentos, apertos. Mas, no meio do vale, o bálsamo não cessou de descer, havia refrigério. O Senhor sempre enviava seus profetas para confirmar Sua vontade, dava visão de móveis em carros de mudança, sonhos de partida, despedida, mas sempre relutantes com medo de ser algo da emoção e ficar fora do direcionamento do Senhor.

A chegada em Várzea Paulista
Quando entenderam que era o tempo de Deus, perceberam que não havia mais como fugir da ordem divina de partir, deram uma reviravolta e chegaram a Várzea Paulista, abril de 2001.

Aqui em Várzea Paulista , mais um momento de lutas e dores. Era Deus passando a família na fornalha, provando o ouro no fogo. Foram alguns dias, meses de expectativa para entender o que Deus queria fazer. Até que por fim, o pastor Alberto Resende, que na época tinha poucos dias com pastor presidente do campo de Várzea Paulista, foi instruído pelo Senhor para acolher o pastor Mauro no ministério.

Dia após dia Deus tem revelado onde, quando, como e o que fazer para continuar a expansão do Seu Reino através da vida desse homem pequeninho na estatura, mas grande em graça e fé. Passou como dirigente das congregações do América IV, Cidade Nova 2 e atualmente é o pastor setorial no Setor 4 que compreende as igrejas Vila Iguaçu, Popular, Vila Nova, Parque Guarani, Aymoré e Figueira Branca.

Considerações finais
É pastor Mauro, felizmente, ao longo desses 31 anos uma coisa é certa na tua vida: não tens deixado de se preparar e aguardar com alegria a volta do Mestre Amado.

Depois dessa retrospectiva, infelizmente superficial, pois teríamos muito mais para contar, só podemos desejar, pastor Mauro, que o Espírito do Senhor continue lhe fazendo robustecido, forte e pronto para a peleja . Essa é a expressão mais freqüente em seus lábios no ato da benção apostólica. Hoje, queremos retribuir também abençoando a sua vida e clamando aos céus que tenhamos a sua companhia pelo menos até Jesus voltar.

Nem nos importamos de vê-lo às vezes com expressão de poucos amigos, parecendo meio contrariado. Já entendemos que é por um desejo que lhe tira o sono: ver as ovelhas que Deus lhe confiou crescendo em graça e conhecimento.

Já sabemos que por detrás desse rosto sério, que parece carrancudo, mas não é, está a pessoa de um verdadeiro homem de Deus. És um pastor que, apesar do inimigo de nossas almas ter tentado fazê-lo agir diferente, lhe oferecendo a frieza e a displicência, escolhestes a parte mais difícil de se esforçar para manter o fogo aceso no altar e ter total diligência e assim dar glórias ao nome do Senhor.

Somente na eternidade veremos o fulgor de sua vida por conduzir muitos à justiça. Fica aqui nossa gratidão a Deus pela tua vida que, como pastor, amigo e irmão, sente as dores, celebra as vitórias, cuida das feridas, coloca no colo, leva para a estalagem, paga com lágrimas pelo bem-estar das almas que Jesus comprou e lhe confiou."

SOBRE "ESSA GENTE INCÔMODA"

Um colunista do site "Gospel Prime", Gutierres Siqueira, resolveu ir na contramão do entendimento da MAIORIA e defende a "ironia" do jornalista José Roberto Guzzo em artigo publicado na revista "Veja" (Edição 2550, de 4 de outubro 2017, pp. 78 e 79). 





Confira artigo de Gutierres. Prossigo abaixo.

"O jornalista José Roberto Guzzo, colunista da Revista Veja, escreveu um ótimo texto intitulado “Essa gente incômoda”, onde acusa a elite cultural brasileira de hipocrisia, pois enquanto levanta à bandeira da diversidade, de maneira sorrateira, manifesta forte preconceito contra os evangélicos.

Para a minha surpresa, lamentavelmente, li nas redes sociais que pastores, cantores e até deputados estão reclamando do texto. O pessoal começou a acusar o jornalista daquilo que ele mesmo denuncia. É inacreditável!

Muitos evangélicos simplesmente não entenderam que o colunista usa inúmeras ironias para mostrar o preconceito velado que existe no meio cultural e na elite intelectual contra essa “gente incômoda”. Quem acompanha a coluna do Guzzo sabe que o texto dele sempre é marcado pelo uso da ironia. Ele, inclusive, usa algumas aspas no decorrer do artigo, que é uma marca em qualquer escrito irônico.

É vergonhoso ver que muitos evangélicos não conseguem ler um texto e interpretá-lo com a mínima inteligência. Como esses pastores, cantores e deputados interpretam a Bíblia? Como elaboram sermões? Como diferenciam parábolas de epístolas? Como leem um salmo e um texto apocalíptico?

Ora, se um simples texto em uma revista causa tanta incompreensão, como eles lidam com um texto tão difícil como da Bíblia? Vejo com muita preocupação esse fato, pois mostra a grande deficiência na leitura de muitos evangélicos.

Com alguma frequência eu também uso ironias nos meus textos, mas, como aconteceu com o Guzzo, infelizmente, sempre aparece alguém me acusando disso e daquilo.

É impressionante a dificuldade com uma simples figura retórica. Muitas pessoas, também, só leem os títulos e já começam a ofertar suas extensas opiniões sobre o assunto. Outros, igualmente preguiçosos, vão apenas reproduzindo a opinião de outra pessoa famosa sem procurar a fonte… Tudo isso é grave, logo porque a nossa pregação, meditação e doutrina dependem de um texto que, se mal interpretado, pode causar sérios prejuízos."


A interpretação do objetivo irônico é uma possibilidade. Entretanto, o autor não tomou os devidos cuidados para que este recurso literário ficasse claro quanto a quem, de fato, quer criticar. Se aos da "fé evangélica" ou aqueles que são mencionados, sem aspas como, "esclarecidos, liberais, intelectuais, modernos, politizados, sofisticados". Se a ironia motivou o discurso, o autor só foi irônico de modo aberto com os da "fé evangélica". 

Sem qualquer ressalva, Guzzo escreve: "É um desapontamento, sem dúvida — e as cabeças corretas deste país ficam impacientes com a frustração de ver os cultos evangélicos crescendo, enquanto em Nova York e no resto do mundo bem-sucedido as pessoas vão a concertos de orquestras sinfônicas e não admitem a circulação de preconceitos." Onde está a IRONIA, aqui? 

A diagramação da revista impressa preferiu destacar o seguinte trecho: "Há muita indignação, também, com a escroqueria aberta, comprovada e impune que é praticada há anos em tantos cultos evangélicos espalhados pelo Brasil afora." Ou seja, um "olho" que em NADA argumente pela "ironia". 

Ao falar da picaretagem de ALGUNS Guzzo conclui que: "São o joio no meio do trigo, e há tanto joio nas igrejas evangélicas que fica difícil, muitas vezes, achar o trigo." A forma como se refere deixa o entendimento de que a ESMAGADORA maioria não vale nada. Ou seja, rotula o todo por ínfima parte de pilantras religiosos e lança na vala comum tantos outros que a despeito das maças podres na caixa, procuram conservar os padrões de conduta conforma a sã doutrina.

O autor conclui: "Em todo caso, para quem não gosta dessas realidades, é bom saber que os evangélicos, muito provavelmente, são um problema sem solução." Ora, se queria ser irônico, o "problema" deveria vir entre aspas (só para mencionar o recurso que alegam ser usado pelo autor para marcar sua ironia).

Há quem defenda que em matéria de literatura, o autor só é responsável pelo que ele diz e, não, pelo que interpretam. Entretanto, há controvérsias nisso. Pois, se a interpretação é difusa, o autor pode, sim, ter falhado em sua comunicação. Se o assunto foge do âmbito da ficção e aborda questões reais que podem ferir (como este artigo feriu), o escritor tem, sim, o dever de tomar cuidado com a expressão de suas ideias tanto no que ficou explícito quanto no que está implícito, ou seja, nas entrelinhas.




Link do texto no site Gospel Prime
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"ESSA GENTE INCÔMODA"

Por José Roberto Guzzo

"Quem é contra a liberdade de religião no Brasil? Mais gente do que você pensa, com toda a certeza, embora quase ninguém vá dizer isso em público, é claro — provavelmente não dirá nem mesmo no anonimato de uma pesquisa de opinião. Mas é preciso ser realmente muito bobo, ou muito hipócrita, para achar que está tudo em ordem com a liberdade religiosa no Brasil quando as nossas classes mais altas, que também se consideram as mais civilizadas, sentem tanto desprezo, irritação e antipatia pela religião que mais cresce no país. Trata-se da “fé evangélica”, como se chama, para simplificar, a vasta constelação de igrejas, seitas e cultos de origem protestante que nas estatísticas já reúnem um terço da população brasileira — e na vida real podem estar além disso. Esse povo, em grande parte do “tipo moreno”, ou “brasileiro”, vem sendo visto com horror crescente pela gente bem do Brasil. Sabe-se quem são: os mais ricos, mais instruídos, mais viajados, mais capacitados a discutir política, cultura e temas nacionais. São geralmente descritos como esclarecidos, liberais, intelectuais, modernos, politizados, sofisticados e portadores de diversas outras virtudes. Toda a esquerda nacional, por definição, está aí dentro. Também estão todos os que são de direita ou de centro — desde que não se misturem com o povo brasileiro.

Nada é tão fácil de perceber quanto um preconceito que se pretende bem disfarçado. Os meios de comunicação, por exemplo, raramente conseguem escrever ou dizer a palavra “evangélico” sem colocar por perto alguma coisa que signifique “ameaça”, “medo” ou “perigo”. Fala-se de maneira quase sempre alarmante da “bancada evangélica” na Câmara dos Deputados — como se os parlamentares ligados às igrejas formassem um corpo estranho, infiltrados ali por alguma conspiração não explicada. São tratados como uma coisa só — e ruim. Fala-se do “risco” de aumento da bancada evangélica nas próximas eleições. Há um escândalo permanente no Brasil de “primeiro mundo” diante de suas posições em matéria de família, sexo, crime, polícia, drogas, educação, moral, propriedade privada e mais umas trezentas outras coisas. Os evangélicos são vistos ali como retrógrados, reacionários, repressores, fascistas e inimigos da democracia. Já foram condenados como machistas, homofóbicos e fanáticos. Defendem a “cura gay”. São a “extrema direita”. Estão definitivamente fora do “campo progressista”.

Naturalmente, argumenta-se que essa condenação universal não tem nada a ver com religião; se os evangélicos pensassem o contrário do que pensam em cada uma das questões aqui citadas, por exemplo, não haveria nenhuma objeção e a população estaria liberada pelas classes intelectuais para rezar nas Assembleias de Deus, na Catedral da Bênção ou nas Igrejas do Evangelho Quadrangular. Ou seja: o problema dos evangélicos está nas suas convicções como cidadãos. No fundo, é a mesma história de sempre. O que atrapalha o Brasil, na visão das pessoas que se consideram capacitadas a pensar, são os brasileiros. O povo brasileiro, de fato, é muitas vezes inconveniente — principalmente quando vota. Os intelectuais, preocupados, lamentam o crescimento da bancada evangélica — mas raramente se lembram de que ela só cresce porque cresce o número de eleitores evangélicos. Pode ser uma pena, mas toda essa massa de gente que vai ao templo é formada por brasileiros que têm direito de votar, votam em quem quiserem, e o seu voto, infelizmente para a sensibilidade da elite, vale tanto quanto o voto dos pais que colocam seus filhos no Colégio Santa Cruz.

Há muita indignação, também, com a escroqueria aberta, comprovada e impune que é praticada há anos em tantos cultos evangélicos espalhados pelo Brasil afora. É um problema real. Pastores, bispos e outros peixes graúdos tomam dinheiro dos fiéis, sob a forma de donativos, em troca de ofertas a que obviamente não podem atender: desaparecimento de dívidas, expulsão de demônios, cura de doenças, enriquecimento rápido, eliminação do alcoolismo, dependência de drogas e outros vícios — enfim, qualquer milagre que possa ser negociado. Diversas igrejas se transformaram em organizações milionárias, e muitos dos seus líderes são charlatães notórios — alguns deles, aliás, já chegaram a ser presos por delitos variados em viagens ao exterior. Estão acima do Código Penal e da Lei das Contravenções em matéria de fraude, trapaça e quaisquer outras formas de estelionato que seus advogados consigam descrever como atividade religiosa; não podem ser investigados ou processados por enganar o público, pois são protegidos pela liberdade de culto. São o joio no meio do trigo, e há tanto joio nas igrejas evangélicas que fica difícil, muitas vezes, achar o trigo.

Ninguém realmente sabe o que fazer de prático a respeito disso. É possível separar religião de vigarice? Possível, é — pensando bem, é perfeitamente possível. O impossível é escrever leis que resolvam o problema de maneira eficaz, racional e coerente com a democracia. Não se conhece nenhum regulamento capaz de distinguir donativos bons de donativos ruins — pois o foco da infecção está aí, no tráfego de dinheiro do bolso dos fiéis para o caixa das igrejas. Como proibir alguns e permitir outros, sem abrir uma discussão que vai durar até o dia do Juízo Final? Ao mesmo tempo, sabe-se quanto é inútil baixar decretos que obriguem as pessoas a ser espertas, da mesma forma que não dá para obrigá-las a ser felizes. O que fazer se o cidadão acredita que vai ficar rico, ou obter algum prodígio parecido, pagando o seu dízimo ao pastor? Os postes das cidades brasileiras também estão cobertos de cartazes com promessas de benefícios do tarô, dos búzios, da “amarração” garantida — isso para não falar da cura da calvície, do emagrecimento em sete dias e da eliminação de multas de trânsito. Na melhor das hipóteses, é propaganda 100% enganosa, mas fica assim mesmo — e talvez seja bom que fique, pois imagine-se o que acabaria saindo se nossos poderes públicos tentassem se meter nisso.

É um desapontamento, sem dúvida — e as cabeças corretas deste país ficam impacientes com a frustração de ver os cultos evangélicos crescendo, enquanto em Nova York e no resto do mundo bem-sucedido as pessoas vão a concertos de orquestras sinfônicas e não admitem a circulação de preconceitos. Não podem exigir que os evangélicos sejam proibidos de existir; secretamente, bem que gostariam que eles sumissem por conta própria, mas essa não é opção disponível na vida real. Fazer o quê? Propor, por exemplo, uma comissão de filósofos da OAB, CNBB e organizações de direitos humanos, nomeada pela Mesa do Senado Federal, para separar as religiões legítimas das ilegítimas? É duro, mas o fato é que, num momento em que apoiar a diversidade passou a ser a maior virtude que um cidadão pode ter, fica complicado sustentar que no caso dos evangélicos a diversidade não se aplica. Não há outro jeito. Se você defende a “arte incômoda”, digamos, tem de estar preparado para conviver com a “religião incômoda”. Em todo caso, para quem não gosta dessas realidades, é bom saber que os evangélicos, muito provavelmente, são um problema sem solução."


Publicado originalmente na Revista Veja, edição 2550, 4 de outubro 2017, pp. 78 e 79



 
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