Professores da Unifesp explicam continuação de greve

Mesmo com algumas conquistas, o governo federal ainda se  nega a negociar Plano de Carreira. Com isso, o que está em jogo é o futuro da  Universidade Pública Federal

A greve dos  Professores das Universidades Públicas Federais, que se iniciou na segunda quinzena de maio, está sendo vitoriosa. Ela conseguiu, depois de quase dois  meses e silêncio, precedido por outros tantos meses de não cumprimento de  acordos pré-estabelecidos, que o governo apresentasse uma proposta para a categoria. Essa proposta não incorporava, ainda, pontos anteriormente sinalizados pelo governo que prejudicariam sobremaneira a carreira docente e,  por extensão, o futuro das Universidades Federais.

O fato de o  governo ter apresentado uma proposta e ter suprimido pontos prejudiciais à carreira representa, de forma inconteste, a vitória dos professores em luta.  Situação amplamente favorecida pelo apoio de importantes setores da sociedade,  que compreendem  a importância estratégica das Universidades Federais, bem como a excelência do ensino, da pesquisa e da extensão promovidos por essas instituições.

Se o movimento  tem sido vitorioso e encontra apoio social, por que os professores permanecem em  greve, e em uma greve bastante forte e coesa, após quase três meses de desgastes  e de bombardeios por parte do governo e de setores da imprensa a ele associados? É preciso deixar claro que tal fato decorre, por um lado, do autoritarismo e,  até mesmo, da arrogância do governo e, por outro,de seus compromissos com um  modelo econômico que não permite os investimentos necessários para que a  educação pública federal se expanda, com a garantia de qualidade tanto no que  diz respeito às condições de trabalho e ensino, quanto à estrutura da carreira docente.

É evidente que a  proposta apresentada possui alguns avanços em relação ao silêncio e às pretensões sub-reptícias anteriores do governo. Ela, contudo, além de não  considerar as propostas do ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das  Instituições de Ensino Superior) exaustivamente discutidas em seus fóruns  internos, possui, também, erros, distorções e limites muito grandes que já foram percebidos por minuciosos estudos conduzidos pelo ANDES e por vários docentes  das Universidades.

Nesses estudos se  demonstra, por meio de gráficos, tabelas e recursos matemáticos que, em alguns  pontos da carreira, a situação será no período final do acordo, em 2015, muito  pior do que se encontrava antes do início da greve. Tal aberração é uma afronta à racionalidade, pois sugere que alguém se contente em ganhar após uma greve uma  condição pior daquela em que se encontrava. Ela só é possível porque o caráter  tecnocrático do governo (lembre-se que as negociações têm sido conduzidas pelo  Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG - e não pelo Ministério da  Educação - MEC) faz pouco caso da experiência e do conhecimento acumulados pelos  docentes das Universidades Federais, que possuem, em seus quadros, profissionais  do mais alto valor intelectual e científico.

Nesse sentido, a continuidade da greve pode ser considerada uma atitude socialmente responsável,  pois procura, também, impedir que o governo seja incompetente na aplicação de recursos públicos, sempre tão escassos em nossa  sociedade.

Se o governo  esquecesse um pouco sua arrogância tecnocrática e restabelecesse as negociações  (estas que, se levarmos em conta o real significado da palavra, nunca ocorreram, pois o governo nos encontros  com as entidades dos professores limitou-se a apresentar os seus planos, não  ouvindo contra-argumentações), as incongruências de sua proposta seriam facilmente detectadas e o impasse no qual nos encontramos hoje poderia encontrar perspectivas de superação.

No entanto, não é  isto que estamos vendo. O governo quer medir forças, mesmo ao custo de manter em  pauta uma proposta política e economicamente irresponsável. Frente a isso só podemos dizer que o nosso compromisso com a Universidade Pública, com a  sociedade e com o desenvolvimento brasileiro nos obriga a seguir em frente nesta luta.

Devemos lembrar  que as Universidades Públicas já deram demonstrações históricas e irretorquíveis  de sua qualidade. São as que obtêm melhores resultados em exames de desempenho e  para associações profissionais. São responsáveis por mais de 80% dos mestres e  doutores que se formam a cada ano no País.  São as que permitem a plena existência de vida acadêmica e a difusão da diversidade de ideias. São as que podem permitir a introdução de formas  democráticas de gestão. São, por isso, as que mais acolhem e que menos excluem.  

São referenciadas pela sua responsabilidade com o ensino, a pesquisa e a  extensão e são, portanto, aquelas que podem, efetivamente, produzir e difundir  conhecimentos tecnicamente qualificados e socialmente comprometidos. Por estas  razões, continuamos a lutar:
• Pela  abertura de negociações;
• Pela  defesa da carreira docente e, por extensão, da Universidade Pública;
• Pela  garantia da excelência na produção, sistematização e difusão do conhecimento  científico;
•Pela  gestão democrática e transparente dos recursos  públicos!

COMANDO LOCAL DE  GREVE DOS DOCENTES – UNIFESP, CAMPUS OSASCO.

Gestores públicos sazonais

A cada dois anos, entre os meses de julho a outubro, ergue-se no Brasil um exército de pessoas que aparece "do nada" com soluções para todos, absolutamente todos os problemas dos 5.563 municípios do País. 
O pequeníssimo intervalo de dois entre uma eleição e outra, infelizmente, é em função da divisão dos pleitos que definem em um, deputados estadual e federal, senador, governador e presidente da República, e, no outro, vereadores e prefeito. 

Por si só, essa divisão provoca entraves. Quando o pleito é nos âmbitos estadual e federal, existe uma correria para aprovar projetos, liberar recursos. Leia-se isso como colocar dinheiro na mão de prefeitos –via emendas de deputados estudais e federais– para cair nas graças do eleitorado.
Quando é municipal, também existe uma avalanche de obras. Basta olhar nas três cidades conurbadas ¬(Campo Limpo, Várzea e Jundiaí) que, ou lemos placas indicando obras ou vemos máquinas espalhadas.

No caso de Campo Limpo, cidade que conheço mais de perto, entre outras obras temos construção de duas creches (recursos federais), recapeamento e calçadas na rua Wilson Steffani –limite com Várzea– (recurso estadual – emenda do deputado Ary Fossen, último em favor da cidade antes de seu falecimento no dia 19 de julho).
A maior parte dos cidadãos desconhece as negociações para liberação de dinheiro. A bem da verdade, é uma complicação sem fim. Na prática, o que as pessoas querem é o posto de saúde perto de casa, a escola funcionando, o asfalto como tapete, a água na torneira, a conquista da casa própria etc. São sonhos simples e direitos legítimos.

Como muita gente ainda não conseguiu a realização de alguns desses sonhos, tem quem se apresente como o Mágico de Oz para a solução de todos. 
Seria cômico, não fosse trágico, que norte a sul do Brasil temos candidatos a vereador que vão resolver de uma vez por todas os problemas de todos os bairros de sua cidade. Da construção de casas à realização de exames o bordão é: 'vote em mim que eu resolvo'. 
Na minha inocência, quero acreditar que muitos falam e escrevem essas coisas apenas pela boa vontade de realmente contribuir com todos. Mas tem confusão demais no exercício das funções. 

Entre as funções dos vereadores está a de fiscalizar as ações do prefeito e ainda estar sempre atento às necessidades da população e sugerir soluções aos problemas que vão surgindo.
Além dos milhares de candidatos que aparecem com soluções mirabolantes, temos também alguns cabos eleitorais que, na ânsia de defender o seu candidato, acusam seus oponentes com toda sorte de argumentos. 

Tal qual seus candidatos, também têm solução para absolutamente tudo. Sabem como fazer tudo. Nada escapa ao olhar profundo de cada um deles (sic!).
Ora, senhores, considerando as necessidades do povo brasileiro não precisamos ser aguerridos apenas três meses a cada dois anos. Nossas bandeiras precisam estar em punho com mais constância. Precisamos ser menos personalistas e, verdadeiramente, republicanos, isto é, dedicados à coisa pública. 
Isso não é ação que atinge única e exclusivamente a autoridades eletivas. Somos politizados de verdade quando não jogamos lixo pela janela do ônibus, quando não esbanjamos água lavando a calçada, quando apagamos a lâmpada no ambiente vazio. Se frequentamos a reunião de pais e mestres nas nossas escolas, exercemos cidadania. Se vamos às audiências públicas realizadas pela Câmara ou Prefeitura, ainda que não tenhamos função pública, exercemos de fato e de direito o nosso título de cidadão.

Não precisamos de agentes públicos sazonais, ou seja, que surgem apenas em período eleitoral. Precisamos todos ter consciência da nossa importância para o avanço da comunidade independente de sermos eleitos ou eleitores.

Currículo


Todas as vezes que nós procuramos por um novo emprego a primeira coisa que precisamos elaborar é o nosso currículo. Temos que dizer onde estudamos, quais cursos fizemos, onde trabalhamos. As etapas podem variar de uma empresa para outra, mas via de regra seguem mais ou menos como descrevo a seguir. 
Se o responsável pelo processo seletivo manifestar interesse nos dados do currículo, normalmente, vem a etapa da avaliação psicológica que pode ser por testes que chamamos de ‘babaca’ ou dinâmicas de grupo. Se atestarem que não babamos nem rasgamos dinheiro, vem o terceiro momento, a entrevista. Se tiver tudo “ok” até aqui, mandam a gente passar no departamento de recursos humanos para iniciar a parte burocrática.


A essa altura já estamos empregados? Quase. Tem o bendito exame médico. Nessa hora, a coisa pega. Um desvio na coluna que nunca te incomoda, mas o médico atesta, é o suficiente para dizerem que não vão nos contratar.
E daí? Você deve querer saber onde quero chegar com isso. É o seguinte: desde o dia 6 de julho estamos oficialmente em campanha. A partir daquele dia ninguém mais precisava ficar com medo de dizer que era candidato (antes tinha que dizer pré-candidato). A parte burocrática da Justiça Eleitoral deu uma segurada na pressa alheia.

Faltava CNPJ, conta em banco, cheque e uma série de procedimentos bem complicados para este pleito. Acho até engraçado os detalhes que se atentam quando, o Supremo Tribunal Federal disse que candidatos com contas rejeitadas (ficha suja) poderiam se candidatar sem nenhum problema. Pois é.
Voltando ao meu foco. Se para trabalharmos em qualquer empresa precisamos provar e comprovar tanta coisa, o que é de se esperar para quem quer atuar como vereador ou prefeito?


Neste momento, vem uma série de panfletos, jornais, santinhos ou coisa que o valha com relação de mundos e fundos. Como o coitado do papel aceita tudo, não dá para protegê-lo de estampar algumas bobagens. Cheguei a ler no site do TSE, por exemplo, que a meta do prefeitável é reorganizar o trânsito para escoar o “tráfico”.


Compreendo perfeitamente que foi um erro de digitação. Certamente a ideia era falar de tráfego, mas não estamos nos referindo a um texto informal entre amigos, no MSN ou Facebook, falamos de um documento registrado na Justiça Eleitoral.
Pesquisando em rede social, já li candidatos a vereador dizendo que “vai fazer” coisas que são de competência única e exclusiva do poder executivo. Quero acreditar que a pessoa saiba disso, contudo assume um discurso que deixa evidente o despreparo de alguns e algumas que começam a pregar num tom de nova Revolução Francesa.


Isso posto, considerando que precisamos apresentar qualificação prévia para ocuparmos qualquer função dentro de uma empresa desde a menos importante (conforme rótulos alheios) até a considerada mais elevada, acredito que o mínimo a fazer é sermos bastante criteriosos na seleção dos nossos representantes especialmente vereadores.
A maioria de nós chega a um nível de paixão exacerbada no tocante a prefeito. Contudo, se tivermos o prefeito que queremos, mas com vereadores pouco comprometidos, de fato, e não de gogó com as políticas públicas os resultados não são os mais alvissareiros. A função de vereador, que fique bem claro, é fiscalizar. 


Saber se o que tem que ser feito está sendo feito. Não é vereador que compra remédio para a farmácia quando falta, mas é ele que vai questionar o prefeito porque faltou e o que está sendo feito para resolver. Ah! Também cabe aos nobres edis dar honra a quem tem honra. Se determinado problema foi resolvido porque ele ou ela mediou, lindo! É correto que se diga, mas não deixe de mencionar quem se mobilizou para a solução. Se assim for, o currículo de cada um estará com edição mais feliz.

 
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