Pregar o “ter” não é evangelizar

Há uma confusão generalizada sobre o poder do evangelho que há muito tempo encontrou seu espaço no rádio, na TV e em inúmeros artigos publicados em jornais, revistas e disponíveis na Internet. Defino como confusão, porque existe um número exacerbado de pretensos arautos do evangelho dizendo que fé, salvação, perdão, prosperidade, amor, felicidade etc, tudo isso depende única e exclusivamente do quanto se tem na conta bancária e do quanto se dá para a igreja (e sempre aquela igreja que o 'santo' está propagando).
 
Isso confunde a quem ouve, mas na verdade, quem divulga este pseudo-evangelho não tem confusão nenhuma na cabeça. Sabem bem o que querem. O objetivo maior é encher os próprios bolsos às custas da falta de conhecimento do bom, doce, puro e verdadeiro evangelho.
Essa gente investe um tempo demasiado dizendo que, para provar que Deus está na vida de alguém, é preciso estar em condições de comprar o carro do ano, ter uma casa no campo e outra na praia, ocupar apenas as funções de presidente, chefe, diretor ou ser o dono do próprio negócio.

Se essas coisas acontecem, aí, sim, existe felicidade e se tem comunhão com Deus. Ora, se isso fosse verdade, quem anda de ônibus, paga aluguel e trabalha em funções menos pomposas, o Todo-Poderoso se esqueceu deles? Engraçado é que muitos dos que defendem isso são pessoas que ostentam seus carros de luxo, casas de alto padrão, roupas, relógios, jóias de grifes internacionais. Tudo vem explicado: 'Sou abençoado. Por isso tenho tudo isso'. E completam: 'Para você ser assim, doe com alegria, para mim!'.

Esse é o tipo de raciocínio que envergonha quem ainda tem vergonha para sentir. O evangelho verdadeiro, a evangelização que pensa no que o homem é e não no que o homem tem, anuncia o que disse Jesus Cristo: "Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33).
A aquisição de bens e riquezas é consequência natural de quem não tem medo de trabalho e sabe poupar. A possibilidade de somar bens tem uma dinâmica diferente na visão teológica. O próprio Cristo ensinou que quanto mais se dá, mais se tem. Deus, em sua bondade, se encarrega de dar prosperidade material e, sobretudo, espiritual. Contudo, o importante não é o quanto se tem, mas o quanto se vive a prática do amor que é o elo da perfeição. Portanto, o que realmente importa é 'ser' e, não, 'ter'.

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