Político não vem de Marte

Esta semana, em um coletivo de Várzea Paulista sentido Campo Limpo, ouvi  um papo entre eleitores varzinos que me causou do nojo à melancolia. Uma senhora, com uma criança no colo, foi abordada pelo rapaz que a acompanhava que disse: 'Vota no Fulano de Tal!'. Ela retrucou: 'Eu não! Na eleição passada, procurei uma ajuda e ele não me deu. Pensei que era um negócio caro, mas não, era baratinho, só R$ 100'.

Fui do nojo à melancolia, porque percebo que estamos ainda longe de termos parlamentares e gestores públicos melhores se o que muita gente ainda usa como critério para decidir em quem vota é o que recebeu de vantagem pessoal. 
Se o candidato é realmente qualificado para a função, não importa. O critério de escolha é: quanto-ganho-com-isso? O saco da miséria desta gente, como diz minha mãe, é sem fundo. E, com isso, vamos nos mantendo como país de terceiro mundo muito mais pela pobreza intelectual do que pela falta de recursos.

Há uns 20 dias, um candidato de Campo Limpo contou um episódio no qual um antigo conhecido, no meio de um papo diz: 'Ô, candidato, tô com essa conta de luz aqui'. A resposta automática foi: 'Ah, é? Se não pagar, vai cortar'. Infelizmente, poucos candidatos agem assim. 
Diante disso, recordei-me da lista que hora reedito. Uma sequência de mazelas que incorporamos ao cotidiano e, com a mesma 'cara-de-pau' que atribuímos aos políticos, questionamos sinicamente: 'Que que tem?'

Uma primeira versão da lista a seguir circulou, anonimamente, em muitos e-mails no ano passado. Olha o que brasileiro faz e ainda considera normal: 
1) Coloca nome em trabalho que não fez; 
2) Assina nome de colega que faltou em aula; 
3) Paga para alguém fazer trabalhos; 
4) Saqueia cargas de veículos acidentados; 
5) Estaciona debaixo de placas proibitivas; 
6) Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração; 
7) Fala no celular enquanto dirige; 
8) Usa o telefone da empresa para ligações longas e desnecessárias; 
9) Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento; 
10) Viola a lei do silêncio; 
11) Dirige embriagado; 
12) Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas; 
13) Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho; 
14) Faz "gato" de luz, de água e de TV a cabo; 
15) Registra imóveis em nome de outros parentes para burlar a Lei; 
16) Mente a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas; 
17) Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes; 
18) Estaciona em vagas exclusivas para deficientes; 
19) Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado; 
20) Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca; 
21) Diminui a idade do filho para não pagar a passagem; 
22) Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA; 
23) Comercializa os vales refeição e transporte que recebe das empresas; 
24) Só não falsifica o que ainda não foi inventado; 
25) Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem; 
26) Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes, não devolve. 

Depois disso tudo ainda quer que os políticos sejam honestos?! O julgamento do mensalão nada mais é do que reflexo do ápice de nossa sandice popular. Quer estejam no Senado,  Câmara Federal, Assembleias Estaduais ou Câmaras Municipais os políticos nada mais são pessoas que saíram de entre nós, não desembarcaram de Marte, são terráqueos mesmo.

Do que reclamamos? Se queremos melhora, é obrigatório começar por nós mesmos, onde for necessário, ainda que isso doa na própria carne! Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos. Colhemos o que plantamos! A mudança deve começar dentro de nós, nossas casas, nossos valores, nossas atitudes.

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