Miséria democrática

Infelizmente, o período eleitoral deveria ser um momento para difusão de ideias e propostas mas o que temos, na prática, é apenas acusações infundadas, mentiras proclamadas com retórica que faria inveja a Cícero.
Odeio, visceralmente, o nosso mal hábito como povo brasileiro de achar que os grandes temas que dizem respeito à nossa vida em sociedade devem ser 'discutidos' apenas a cada dois anos nas eleições municipais ou estaduais e federais.
Depois que votamos, elegemos nossos vereadores, deputados, senadores, prefeito, governador e presidente, 99,9% de nós, cidadãos, encostamos o remo. 

A resposta mais pragmática para isso é: "Falta educação". Isso tem lá seu fundo de verdade, mas de uns tempos para cá tenho sentido isso muito mais como muleta do que como argumento plenamente satisfatório. 
Digo isso porque já ouvi não poucos professores incentivando a mim e aos meus colegas para que fôssemos mais atuantes, críticos, participativos da vida em sociedade. Entretanto, o clamor dos professores parece bater em paredes de bronze. Fazemos "ouvido de mercador", como dizia a minha avó que, no contexto dela, queria dizer que ouviam porque os pavilhões auriculares estão grudados à cabeça.

Ao invés de dar o mínimo de atenção ao que nossos heróicos e abnegados professores dizem constantemente, preferimos a displicência, a negligência e, com isso, nos mantemos ignorantes e marginalizados do processo democrático em sua essência.
Achamos que o simples fato de ir à sessão eleitoral no dia determinado pela Justiça Eleitoral é o fim de um processo. Loucos! É como podemos ser rotulados ao pensarmos e agirmos assim.
Não elegemos ninguém para delegar poder irrestrito. Escolhemos representantes que apenas detêm atributos legais para canalizar as nossas necessidades coletivas  (não as pessoais) e, assim, em comum acordo entre todas as partes, prefeito, vereadores, agentes públicos e, o mais importante, a população, encontrarmos as soluções exequíveis.

A nossa omissão, no entanto, motiva toda sorte de apedeuta a se apresentar como  última Coca-cola gelada no deserto do Atacama ou a última cocada da Bahia. Nesta jactância, vemos os oportunistas se apresentando. 
Como a imensa maioria de nós desconhece até mesmo o que pode ou não pode fazer um vereador, tem quem acredite até que o vereador ou a vereadora, sozinhos, são capazes de colocar ônibus com ar condicionado que não pare em ponto específico, mas que nos embarque e desembarque na porta de casa.

Por não darmos atenção aos nossos professores, somos facilmente enganados com argumentos fraudulentos de gente que se apresenta como interessado no bem comum, mas que na verdade só quer saber do próprio umbigo. 
Assim, esses oportunistas e aproveitadores da nossa desinformação e despolitização saem por aí com toda sorte de impropério.
Esta semana, fiquei sabendo de um candidato que berrou em alto e bom som que a cidade tem apenas um ginecologista para cuidar de 45 mil mulheres! Seria para rir, não fosse isso uma evidência da miséria democrática que vivemos. Quem disse isso tem conhecimento da verdade ou teria ao menos condições de fazê-lo pelos caminhos legais. 

Mas, a realidade dos fatos não convém para quem quer enganar. Sendo assim, como não sou candidato a nada posso e devo compartilhar a verdade. Em Campo Limpo Paulista, não temos 1, mas 13 ginecologistas e obstetras para cuidar de 40 mil mulheres entre 10 a 75 anos ou mais (segundo dados do Seade). Sendo que cinco atuam nas unidades básicas de saúde e oito no hospital.
Valer-se de mentiras desta ordem, deixa claro que além de não terem real preparo para comandarem nossa cidade, os interesses desses oportunistas são embasados em motivações, no mínimo, espúrias.

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