Prateleira eleitoral

Gostaria de falar sobre flores, mas, infelizmente, sou forçado a falar de ervas daninhas.

Há algumas semanas citei o uso e abuso que será iniciado do que denominei como "prateleira da corrupção".
Os produtos dispostos nesta prateleira serão mercadejados por politiqueiros e eleitores, ambos, pseudo-cidadãos que aparecem com máscaras de políticos e de gente honesta.

Na prateleira estarão produtos como: benefícios do bolsa família, caminhão de água, cal, cimento, bloco, areia, pedra, caminhão de mudança, remédio, ônibus, cargos públicos, entre outros.
A moeda de troca para todos estes 'produtos' e serviços será, para infelicidade geral da nação, o voto. De norte a sul do País, de leste a oeste da antiga Terra de Vera Cruz, a democracia será submetida a novos golpes.

Apesar da evidente amargura com que escrevo isso, ainda tenho uma centelha de esperança que, apesar dos golpes, o tal sistema democrático de direitos está em processo de consolidação.

Meus olhos, reconheço, não verão o que sonho. Devo morrer acreditando, no entanto, que minha semente poderá viver em uma sociedade composta por pessoas que não buscarão favores individualistas e mesquinhos, mas que olharão para o seu contexto e farão escolhas que sejam, de fato, melhor para a coletividade e não para si.
Pois é. Como alguém já disse: "sonhar não custa nada", pelo menos ainda. Não custa em valores financeiros, mas, sem dúvida, custa valores morais. Custa energia. Custa dedicação. Custa forças.

Felizmente, assim como eu, ainda existem outros milhões de arautos e guerreiros que empunham suas armas não para matar, mas para garantir vida, não para suprimir do mais pobre, mas para repartir o que é direito de todos. 
Não sei quantos são, nem onde estão. Contudo, alimento-me da esperança de que eles existem. Podem não ser vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, ou qualquer outra função pública. O que importa é viver plenamente o rótulo de "ser humano" e agir como gente. 

Gente que olha horizontalmente e não verticalmente para o próximo. Gente que não tenta passar à frente de ninguém em qualquer que seja a situação. Gente que sempre se coloca no lugar do outro. Gente que trata como quer ser tratado. 

Enquanto esse tipo de gente não é maioria, vamos sofrendo juntos os resultados das escolhas de quem compõe a maioria. Como a prateleira eleitoral e toda sua podridão é tão bem frequentada, vemos um noticiário que se movimenta graças às nossas próprias mazelas.

Alguém irá dizer: 'mas que culpa tenho eu?'. Somos culpados quando votamos em quem nem bem sabemos quem é. Somos culpados quando deixamos de votar também. Somos culpados quando nos omitimos. Somos culpados quando nos calamos. Somos culpados quando não temos o menor interesse em saber o que e como nossos 'representantes' estão atuando.

Enquanto uns optam por fugir, outros, os piores agentes sociais possíveis, ocupam os espaços. Estão errados? Não. Eles apenas estão impedindo que as cadeiras fiquem vagas. Isso se chama oportunismo.
Vale lembrar, que como o balcão da subserviência e ignorância eleitoral é tão popular, não adianta reivindicar depois.Se o vereador, deputado, senador e companhia ilimitada dá um jeito de se aproveitar, ele está apenas compensando os milheiros de blocos, os metros de areia, os litros de gasolina gastos com as caronas até as sessões eleitorais, porque o "boneco" não podia ir com as próprias pernas.

Ora, quem se elege às custas destas mesquinharias não está fazendo nada mais do que reproduzir o comportamento daqueles que os elegeram. Embora a democracia sofra seus golpes diários, concluo com a esperança de que o cidadão de verdade tem boa memória e não está à venda.

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