Ele escolheu os cravos



Ainda vou continuar gravitando no tema da ação. Contudo, quero falar de uma pessoa que mudou o curso da história porque escolheu fazer ao invés de só discursar. Seu nome? Jesus de Nazaré. Ao menos foi assim que ele foi popularizado. 
Não que essa popularidade fosse das melhores pois, Natanael, um dos discípulos convidados por Filipe, chegou a perguntar: "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?" (João 1:46). Entretanto, Jesus estava muito acima do populacho que só sabia falar. O Filho de Deus escolheu fazer.
Desde o nascimento até o último suspiro, considerando as limitações do corpo humano a que se submeteu, Jesus foi pura atitude. Ele não perdia tempo com blá, blá, blá. 

Mesmo não sendo de falação, por muitas vezes foi necessário que interpelasse os desocupados de seu tempo para, com muita classe, requinte e contundência reafirmar sua missão: buscar e salvar o que se havia perdido. 
Seus opositores reclamavam até por ele curar aos sábados. Típico de quem não tem argumento, implica com coisa idiota. O que era mais importante? A cura de um cego e um paralítico, ou a obediência a um dogma cheio de vícios humanos? Pois é. A língua dos desocupados trabalha contra os ocupados desde que o mundo é mundo. Mas, insisto que esses tinhosos, não são a maioria. Eles apenas fazem mais barulho que os ocupados.

Voltando ao Nazareno, o título desta coluna remete ao de um livro do consagradíssimo escritor norte-americano Max Lucado e a uma canção da doce Fernanda Brum.
Em seu livro "Ele escolheu os cravos" (CPAD, 2006), Lucado registra: "A obrigação dos soldados era simples: Levar o Nazareno até o monte e matá-lo. Mas eles tinham outra idéia. Queriam se divertir primeiro. Fortes, descansados e armados, os soldados cercaram um carpinteiro galileu exausto e quase morto, e o atacaram. O açoite fora ordenado. A crucificação ordenada. Mas quem teria prazer em cuspir em um homem quase morto? O ato de cuspir não tem a finalidade de machucar o corpo – de forma alguma. O ato de cuspir é a intenção de degradação da alma, e muito eficiente. O que os soldados estavam fazendo? Não estariam eles elevando-se a si próprios à custa de outra pessoa? Eles sentiram-se grandes ao humilhar Jesus."

Enquanto os carrascos romanos escolheram agir em favor da morte de Jesus, em seu corpo combalido habitava um espírito que havia optado pela vida de muitos, a partir da entrega da sua. Ele mesmo disse aos discípulos: "Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." (João 10:17-18).

Seu poder impressiona ainda hoje. Com uma palavra, acalmou as águas e calou os ventos no meio de uma tempestade no mar da Galiléia. Aquele carpinteiro que chamou apenas pelo nome de Lázaro, no cemitério em Betânia, para evitar que todos os outros mortos saíssem de seus túmulos caso ouvissem "Vem para fora". Curou cegos de nascença, purificou leprosos, levantou paralíticos e libertou a mente e a alma de milhares. Ainda assim, escolheu morrer.

Mesmo sendo soberano, antes da última ceia com os discípulos, decidiu executar o serviço que era dedicado aos empregados mais desprezados das famílias: lavar os pés dos visitantes. Feito isso, disse: "Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes." (João 13:12-17). Nesta Páscoa, que escolhamos atos mais nobres e possamos nos dispor a falar e cumprir.

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