Os pais e a Educação

Em tempos de realização de Enem, votação da divisão dos royalties do Petróleo (considerando um ovo que a galinha ainda vai botar, que é o tal do Pré-Sal), o assunto Educação salta aos olhos ou pelo menos entra na pauta dos veículos de comunicação. Nestes momentos, ouvimos à exaustão expressões que viraram bordão dos políticos, especialmente enquanto candidatos, depois de eleitos, a cantiga é outra. 

Na falta dos políticos, temos jornalistas, educadores, pesquisadores, almofadinhas e tudo o mais repetindo coisas assim: 'Sem educação o país não avança'; 'Os países desenvolvidos só são o que são porque priorizaram a Educação'; 'A melhora da Educação passa pela valorização do professor'; 'Temos salas de aula do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21'; 'A escola tem que envolver a comunidade', e por aí vai.

Vou ser muito franco: em certa medida esta baboseira tem me irritado bastante. Não porque sejam afirmações erradas. Mas, principalmente, porque viraram uma falação sem fim. No frigir dos ovos, temos um sem número de alunos que completam 11 anos, chegam à 5ª série e não sabem ler! Enquanto ficamos discutindo a 'rebimboca da parafuseta' com elucubrações de toda sorte, o abismo parece não ter fim.

Manifesto-me sobre o tema sem a menor pretensão de encontrar pessoas que concordem. Na verdade, a maioria vai discordar, dizer que não tenho conhecimento de causa, que não sou especialista blá, blá, blá. Não tem problema. Como diria Chacrinha: "eu não vim para explicar".

No meio de toda essa balbúrdia em torno da educação, tenho especial irritação com a irresponsabilidade daqueles que, para mim, são os principais agentes do processo de ensino depois dos professores: os pais. 
Os genitores, procriadores, perpetuadores da espécie humana que tanto se orgulham da capacidade reprodutiva, em tempos que a sanidade parecia mais presente, faziam questão de dizer: 'Eu não estudei, mas meu filho vai estudar para ser alguém na vida'. 

Com este pensamento, não tinha gripe, resfriado, disenteria que fizesse Joãozinho e Chiquinha ficar em casa por puro charme. Se, por um azar, chegasse a notícia que o pequeno notável não havia comparecido à aula, quando o fujão ou fujona surgia no cenário, o couro comia, a cinta cantava, o pau quebrava e, no dia seguinte, estava todo mundo na sala de aula como manda o figurino.

Pai e mãe que cumpre, de fato, sua obrigação quer saber como foi a aula, se foi passada alguma atividade, se o exercício está feito, qual foi a nota da prova. Reprodutor que se preza, ao menos os da espécie humana, não faz cara azeda quando chega a hora de participar da reunião de pais e mestres e saber como está o rendimento da cria ouvindo a melhor fonte: o professor. 

Contudo, o que temos em escala cada vez maior? Ausência, irresponsabilidade, negligência e, como não pode deixar de ser, transferência de culpa, jogo de empurra-empurra. Enquanto isso, declinamos. 
Infelizmente, temos hoje um grande número de crianças e adolescentes que são filhos de uma geração que já não prezou pelo própria educação. Uma boa parcela achou que já era "dotô" ao terminar a 8ª série. 

Afinal, com esta 'elevada graduação', era hora de procriar. Como nunca gostaram de estudar e sabiam, como ninguém, desrespeitar o professor, conseguem transferir quase que pelo DNA esse modo medíocre de viver. 
O resultado? Professores apavorados em sala de aula sem saber o que fazer com seres que entram na escola aula achando que são da Liga da Justiça e que têm super poderes sabe-se lá para o quê. 

Professor tem, sim, que buscar capacitação contínua e aluno tem obrigação de se dedicar ao aprendizado. Agora, enquanto os pais se eximirem da responsabilidade, pode triplicar o dinheiro investido em Educação, o saco vai continuar sem fundo.

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