7 de outubro: dia de mais um passo

Nesta sexta-feira, 5 de outubro de 2012, a atual Constituição Brasileira completa 24 anos. A sétima Carta Magna brasileira, apesar de já precisar de revisões, é considerada uma legislação moderna que trouxe avanços para o sistema democrático. 
Graças a ela, neste período, o país passou por impeachment, planos econômicos, permitiu afastamento de ministros, punição contra magistrados,  alternância de poder, entre outras conquistas.

Dentre as suas debilidades está o fisiologismo político que ela sustenta. Embora os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário tenham autonomia, alguns pormenores da lei promovem uma negociação permanente entre Executivo e Legislativo. 
Recentemente, vimos e ouvimos, em prosa e verso, um caso que não se apresenta muito na grande mídia. Refiro-me ao encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio e ministro do STF, Gilmar Mendes para tratar sobre o temido julgamento do mensalão dentro do período eleitoral.
Assim, vamos sofrendo as negociatas e nos tornamos vítimas de um processo político varejista que mantém na prateleira os interesses particulares como produto de maior variedade. Os 'mensaleiros' estão aí para não deixar dúvida desta promiscuidade política que ainda impera no país. 

Embora nos indignemos, falemos com a fúria de um pigmeu contra um gigante, infelizmente, na maior parte do tempo, nos deixamos entupir de argumentos sem fundamentação lógica e que são derrubados à menor contestação.
Chego ao fim de mais um pleito municipal com a percepção de que avançamos, mas ainda precisamos nos livrar de algumas arestas provincianas na nossa forma de pensar e de agir no tocante às causas públicas.
Como já era de se esperar, os recursos tecnológicos foram bastante utilizados nesta eleição. As redes sociais fervilharam com toda sorte de conteúdo. Infelizmente, o que sobejou foram ataques, ofensas, deméritos que se tentou impingir a adversários e, claro, a sempre presente mentira.

No meio da celeuma, as postagens que não acusavam, apresentaram um mundo tão mágico que nem Lewis Carroll, autor do clássico "Alice no País das Maravilhas", teria conseguido conceber.
De repente, "todo mundo" é interessado em tudo e sobre tudo sabe falar. Os discursos são compostos com elementos tais como: papel de bala no chão, sacos plásticos na calçada, embalagens de suco no rio, folhas secas no quintal, galhos de árvores nos fios, tarifa de ônibus milagrosamente baixas, vagas nas creches, esgoto, água, pichações, cultura, emprego, qualificação, esporte, déficit habitacional, hospital, posto de saúde, médicos, especialistas, exames, horários de rush, enfim, a lista se alonga.

Entretanto, todas as pautas têm dia e hora para acabar. Esquecemos, porém, que o ato de ir até a sessão eleitoral não é último passo do processo democrático. Digitar alguns números na urna e confirmar é apenas mais um passo. Depois dele, vem o acompanhamento contínuo de quem for eleito, quer sejam os nossos escolhidos ou não.
Contudo, o que precisamos, de fato, é de mais compromisso com nossa própria cidadania. Precisamos com máxima urgência de homens e mulheres, jovens e adolescentes que se engajem pelo presente e pelo futuro de nossas crianças e pela nossa própria velhice. Afinal, se tudo correr como planejado, ela vai chegar. 

Precisamos de cidadãos que saibam conviver com quem pensa diferente sem tentar calá-lo ou até aniquilá-lo. Em uma eleição, costumamos encerrar o assunto com ganhou ou perdeu. Porém, acredito que se trata de algo maior que isso. Estamos escolhendo trajetórias para nossas cidades. 
Por isso, é sempre inteligente ponderar se os conteúdos apresentados por tantos candidatos são, de fato, propostas realizáveis ou apenas mais promessas que precisam, no mínimo, de um milagre para serem materializadas.

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