Desta vez, está fácil

Embora o Dia das Mães seja uma data que inspire até gente de pouca poesia como eu, confesso que as questões implícitas e explícitas da maternidade são tão abundantes, tão profundas e tão intensas que o silêncio, muitas vezes, parece ser a melhor opção. 
Contudo, como tenho dito sempre, somos hábeis para falar profusamente quando estamos descontentes e nos calamos quando percebemos virtudes.

Sou o tipo que fica com vontade de fazer sei lá o que com aquela mulher que abandona o filho na porta de alguém ou, pior, num cesto de lixo. Quando essas mazelas sociais ganham notoriedade, tenho meus acessos de fúria como todos os outros. 
Desta vez, quero somente me deixar envolver não por uma onda de fúria, mas por muitas ondas de alegria, entrega, doação, paixão e, sobretudo, amor materno. Digo que desta vez está fácil, porque entrei o mês de maio tendo o privilégio de travar comunicação com mães que ganharam um status especial na minha história. 

Logo no primeiro dia, conversei com Maria Braga do Prado horas antes de ser transferida para o novo Hospital de Clínicas. Aos 79 anos, é uma matriarca cercada por uma legião de admiradores. 
Também pudera, 7 filhos, 33 netos e mais de 10  bisnetos conferem a esta mãe o direito de ser condecorada como uma legítima construtora da sociedade que somos hoje. 

Mais que grande quantidade de descendentes, ela tem qualidade na passagem do DNA. Participei do momento de sua transferência do antigo para o novo hospital na noite de quarta, dia 2. Na sexta-feira, dia 4, vi um super grupo aguardando a autorização para visitá-la na enfermaria. 
Senti uma alegria especial por saber que aquela mãe, avó e bisavó pode viver o seu presente, com orgulho do seu passado, sem temer o seu futuro. Isso é privilégio de mãe.

Na mesma semana, falei com mais 7 mamães. Renata Cristiano Martins de Oliveira, mãe de Rebeca, a primeira recém-nascida a ecoar seu choro pelos corredores do hospital. Lilian de Jesus Oliveira, foi a segunda mamãe a ser transferida e a última a dar à luz no antigo hospital. Em seus braços, flagrei a pequena Stela que impressionou-me com seus olhos abertos já no segundo dia de vida.
Na ala pediátrica, encontrei-me com Thaís Marciano de Oliveira, mamãe de Anna Victoria e Eliane Santos de Jesus, mamãe de Daniel. Eliane também foi transferida no dia 2. Já Thaís foi a primeira mamãe que passou pela consulta no novo hospital e recebeu a informação que nenhuma mãe deseja: 'Vamos ter que internar seu bebê'.

No quarto 1, estavam radiantes as mamães Caroline  Gomes, Carla Gisele dos Santos e Débora Cristina Silva. No mesmo dia 4, elas geraram Dênis, Jasmin e João Paulo. Os dois primeiros de parto normal, e o último foi protagonista da primeira cesárea realizada no novo hospital.

Fiz questão de identificar, ainda que brevemente cada mamãe, porque através delas quero render minhas singelas homenagens a este gênero humano que com todas as nossas invencionices linguísticas ainda não conseguimos definir perfeitamente.
Mãe é milagre? Mãe é vida? Mãe é entrega? Mãe é anjo? Mãe é guardiã? Tenho certeza que elas são tudo isso e muitas outras definições. 
Nas mamães que citei acima e nas outras bilhões espalhadas pelas mais diversas culturas desde as mais helenistas até as mais primitivas, em todas elas existe uma atmosfera diferente, misteriosa, não explicada pelas palavras, apenas perceptível e perfeitamente traduzida na linguagem das almas.

Mãe é, sobretudo, amor. Não importa como ela o demonstra. Se sendo retraída ou expansiva. Se falante ou silenciosa. Uma coisa é certa aos filhos de qualquer idade: aproveite-a, faça dela seu caso de estudo, seu modelo, sua inspiração. Produza todos os contos, crônicas, prosas e versos que puder. Devolvamos ao mundo um pouquinho de toda riqueza que nossas mães consciente ou inconscientemente nos delegaram.

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