Eu me rendo (parte 2)

Diante da repercussão de minha singela homenagem à jóia da criação que atende pelo nome de mulher da semana passada, sinto-me no mais prazeroso dever de dar continuidade ao tema. 
Afinal, como alguém comentou no 8 de março deste ano, "dia da mulher é todo dia". É clichê, admito, mas é verdade. E, convenhamos, não é possível esgotar o tema nem mesmo com uma enciclopédia, muito menos com uma coluna de jornal.
Além da amplitude do tema, em uma pequena enquete detectei que a esmagadora maioria do meu grupo de leitores é composto por mulheres. Portanto, devo-lhes honra e gratidão, pois graças a elas estou "rasgando" mais de 270 semanas falando dos mais variados assuntos, suscitando as mais diversas reações, despertando atração e repulsa, mas, sobretudo, crescendo, aprendendo e, quiçá, sendo mais maduro.

Uma das minhas refinadas leitoras enviou, por e-mail, um feed-back que motivou-me a esta segunda parte da homenagem. Vou omitir o nome, mas deixo pistas de que é a mulher mais francesa que conheço pela 'chiquesa', inteligência, poder de articulação sem, contudo, perder a garra, o charme e força da mulher brasileira.
Essa minha leitora quase franco-brasileira apontou o embate hercúleo que a mulher pós-moderna precisa travar consigo e com as suas múltiplas relações na busca por equilíbrio. 

Em suas palavras: "Acho, que para nós, mulheres neste tempo de pós-modernidade, o mais difícil é vencer todas as dificuldades, escapar de todas as armadilhas, cumprir todos os compromissos e lutar contra todas as desigualdades e conseguirmos manter nossa essência feminina. É ai que entra a gentilíssima presença masculina para nos lembrar que tudo tem um equilíbrio. Tudo tem muitas versões e nem tudo deve ser levado a ferro e fogo como nós, mulheres, temos tendência a levar."
Claro que ler "gentilíssima presença masculina" deu uma pontinha de vaidade, diria até que orgulho. Mas, nada que cause a abertura da calda do pavão. O que quase mudou a situação foi o comentário a seguir: "sobra ao homem, hoje, uma característica que a vida moderna retirou da alma feminina: a impressionante vontade de crer na humanidade, coragem de se entregar, dignidade de renunciar por amor".

Uma leitura superficial provocaria o mero orgulho, uma jactância gratuita. Contudo, um olhar mais atento vai revelar, no mínimo, o tamanho da responsabilidade que, a bem da verdade, nunca  deveria ter sido postergada ou até mesmo transferida.
Minha celebridade secreta ainda complementou o desejo das mulheres: "o que desejam mesmo é o equilíbrio e a serenidade que só o respeito e a parceria entre gêneros pode produzir". Eis aqui o tamanho da bronca: parceria entre gêneros.
É bacana dedicarmos um dia para a distribuição de jóias, flores, cartões e, se a grana estiver curta, presentear com as temidas, porém, desejadíssimas caixas de chocolate. Contudo, a responsabilidade masculina vai muito além do que deferências em um dia qualquer.

Segundo o livro de Gênesis, Deus fez a mulher e a apresentou a Adão como sua ajudadora. Embora o sexo frágil não seja tão frágil assim, afinal eu não teria a menor coragem de dar à luz, cabe aos homens entender que as mulheres foram postas como auxiliares e não como capachos, serviçais ou coisa que o valha.
Somos parceiros. Isto posto, não é inteligente, não é humano e também não cumpre o projeto divino agirmos como se cada um tivesse que andar para um lado. Essa parceria se estabelece nos mais elementares detalhes. Cumprimos nosso papel como homens, com excelência, quando nos empenhamos para servir nossas mães, esposas, filhas, sobrinhas, sogras, colegas de trabalho. Enfim, vale todo empenho, entrega, renúncia, abnegação e, se necessário, até sacrifício para fazer valer esta parceria entre os gêneros.

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