Contagem regressiva

Faltam exatos 15 dias para comemoramos o Natal. Se considerarmos a zero hora deste dia 10 de dezembro de 2010, até a zero hora do dia 25, temos: 360 horas, 21.600 minutos, 1.296.000 segundos.
Como temos nos aperfeiçoado em estilo de vida individualista, os atos que implicam em comunhão, isto é, sentar à mesa e partir o pão seja ele material ou espiritual, têm sido sofríveis.

Sejamos francos e reconheçamos que não é fácil jantar e sorrir com aquela cunhada linguaruda que faz de tudo para criticar do cabelo ao sapato que você vestiu no casamento da prima.

Igualmente difícil é abraçar aquela sogra profissional em meter o bedelho nas discussões do casal, ou aquele irmão interesseiro que só sabe telefonar quando a maré não está para peixe.
Infelizmente, existem posturas piores que são construídas ao longo de toda uma vida e à medida que o papagaio vai ficando velho parece se tornar impossível qualquer crescimento espiritual e intelectual destas pessoas.

Ainda fico com nojo em saber que tem gente capaz de trocar beijos e abraços na virada de 24 para 25, mas no coração está dizendo que no dia 26 não tem sequer troca de sorrisos, quanto mais beijos e abraços.
Contudo, apesar das controvérsias em torno do Natal, prefiro atentar para este momento como uma oportunidade de aplicar colírio nos olhos e conseguir enxergar as pessoas além do que está aparente.

Neste momento de transição, é oportuno para que seja feita uma contagem regressiva não apenas para um abraço vazio e um beijo fingido cujos efeitos duram segundos.
É possível, embora não seja fácil, contar regressivamente e com expectativa pelo momento em poder olhar nos olhos do próximo e dizer: 'estou triste', 'fiquei magoado', 'não gostei do que você me fez'.

Se for preciso, chorar, reclamar, esbravejar. Contudo, uma vez externadas as amarguras, que o sabor doce do amor e do perdão, que são a razão primeira do Natal, preencham os abraços e beijos com uma paz e alegria como nenhum presente ou ceia fariam.
A contagem regressiva bem pode ser feita para momentos de purificação da alma por mais dolorido que eles sejam. Tal contagem não precisa sequer esperar o Natal chegar, pode acontecer a qualquer tempo, em qualquer lugar e com qualquer pessoa.
Se tivermos coragem para romper os grilhões que nos impedem de perdoar, vamos viver todos os dias com uma profusão de alegria tal qual a dos anjos que anunciaram aos pastores no campo o nascimento do Salvador.

O coro celestial tornou-se visível no mundo físico porque, naquele dia, o Criador do Universo dava um passo decisivo no seu plano de reconciliação com o homem. Tudo em razão do Seu amor e perdão inexplicáveis.
A celebração que já rasga milênios é resultado do trabalho de Deus que tem o desejo de abraçar a sua imagem e semelhança com a mesma alegria que o fazia antes de sua queda no jardim do Édem.
Que uma milionésima parte deste amor seja manifesto em nossas vidas de tal modo que seja possível viver um verdadeiro e profundo Natal que não dura segundos, mas repercute na eternidade.

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