A adversidade une

Esta semana passei por uma nova experiência. Fiquei "perdido" na estrada com uma van quebrada no km 544 da Fernão Dias saindo de Belo Horizonte com destino a São Paulo. Ter o veículo quebrado durante uma viagem não é novidade, mas ficar na estrada em um grupo de dez pessoas, sendo oito estudantes de Comunicação Social foi um diferencial.
 
Voltávamos de Ouro Preto-MG onde desembarcamos no sábado pela manhã em um grupo gigante de 52 pessoas, sendo 50 alunos e dois professores (46 passageiros foram em um ônibus). Na cidade que foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco em 1980, subimos e descemos as ruas íngremes filmando, fotografando, entrevistando e transpirando muito.
Tivemos menos de 24 horas pra coletar material para os formatos que serão produzidos como programa de rádio, vídeo jornalismo, vídeo publicitário, fanzines, blogs etc. Debaixo de um sol escaldante, tendo sob os pés as pedras ascentadas pelo trabalho escravo, estávamos na terra de Tiradentes e Aleijadinho. Foi tudo muito intenso, divertido e cansativo, mas valeu a pena e faríamos tudo de novo. Tudo bom demaaaaaaaais!!! [como diz o mineiro com seu jeito especial de se comunicar].
 
Domingo, ao meio-dia, estavam todos com malas prontas no ônibus e na van, exceto quatro alunos, entre eles eu. Ficamos atrasados fotografando mais pontos históricos da cidade. Depois de uma "lapada na orelha" por deixar todo mundo esperando, embarcamos pra casa.
Quando estávamos há 80 km de BH nossa van superaqueceu e parou. Os dez ocupantes do veículo esperaram pelo resfriamento e fomos um quilômetro à frente do ponto onde paramos. Fincamos a bandeira e alí passamos o final de domingo já cientes que iríamos esperar até segunda-feira para resolver o problema. Como não adiantava chorar, sentamos no restaurante e passamos a conversar. Entre um papo e outro, a proprietária do restaurante, Dona Alice, se aproximou de nós e ouviu nossa história.
 
Alice é vereadora na cidade de Cláudio-MG e, mais que autoridade civil, é um exemplar de ser humano que está se tornando raro de encontrar. Quando teve detalhes da nossa situação, além de acionar sua rede de contatos que pudesse nos auxiliar, garantiu a nossa janta preparando pessoalmente um prato conhecido como mexidão.
 

Dona Alice ainda providenciou um cantinho para acomodar a única moça no meio da equipe (que fomos obrigados a tratar como um bebê, embora ela tenha se mostrado mais forte que muitos homens). Os rapazes se alternaram entre cantar e conversar na entrada do restaurante e dividir espaço na van para descansar um pouco.

Resumindo, a história se estendeu para nove integrantes do grupo até terça-feira, 8 da noite. Depois de 52 horas parados na estrada, mais do que corpo cansado e roupa suja da viagem, trouxemos lição de vida. Foi um momento único para viver um provérbio judeu que afirma: "Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia nasce o irmão" (Provérbios 17:17).
 
Aprendemos a dividir o dinheiro escasso para tomar café, almoço e janta. Pechinchando muito derrubamos uma hospedagem de R$ 20 para R$ 8 reais por pessoa e conseguimos descansar na última noite na estrada.
Descobrimos o valor de manter o sorriso no rosto mesmo quando a adversidade bate à porta ou quando ela simplesmente quebra a fechadura e entra. Os jovens estudantes que conviverão mais três anos em sala de aula concluíram a viagem mais amigos, mais unidos, mais irmãos.

7 comentários:

Camila Santana disse...

Só tenho uma coisa a dizer... A ADVERSIDADE UNE... E COM CERTEZA UNE....

Unknown disse...

Todos ficamos preocupados, eu em alguns momentos precipitei meus pensamentos, mas fico admirado que num momento como esse o otimismo e esperança sempre triunfa. Ficou marcado, tanto para vocês, como nós.

Jamila disse...

Manu.. parabéns à todos vocês que ficaram todo esse tempo nessas condições, vocês foram fortes, manteram sempre a cabeça fria e ainda por cima se divertiram muitoo!!. Só tenho que acrescentar uma coisa: um agradecimento de joelhos ao Paulo Genestreti que foi buscá-los!!! O Paulo foi FANTÁSTICO!! Acho que não falo somente por mim ao dizer que seremos(todos) eternamente gratos à ele!!!

Unknown disse...

Simplesmente muito bom manu.

Não tenho palavras , agradeço a todos pela preocupação e nos estamos eestaremos juntos "para sempre"

Anônimo disse...

Poxa, não participei da viagem, mas só ouvi o pessoal falar bem de tudo.
Acredito q vcs devem ter passado por momentos relativamente difíceis eqto estavam na estrada, mas é mto bom saber q acabou dando td certo e q no final das contas vcs tiraram uma lição disso td, ficando sempre unidos e td mais...

Tb achei mto legal a atitude do Paulo


-E na prox. eu vou!!!
=D

T.Rodrigues disse...

Lost ^^
Após ouvir os comentários de alguns dos sobreviventes, já que não consegui falar com todos ainda, fiquei aliviada. Desde o início do ano a aproximação entre todos da sala foi crescendo até mesmo depois com a chegada dos novos que logo foram acolhidos.
Com esse "naufrágio" rsrsrs... "esquesceram de mim X" a união se fortaleceu.
O pessoal já está pensando na próx. viagem =D
"Um por todos e todos por um".

Anônimo disse...

Une? Une,sô. Quero primeiramente parabenizar Emanuel Moura pelo excelente artigo publicado em sua coluna, no jornal "O Pêndulo". Moura mostra que além de participar dos momentos mais cativantes da sala, se preocupa em dividir com seus leitores seus momentos de universitário. Ressalto também que, diferentemente do que foi falado no convite via e- mail, não sou ateu. Simplesmente tenho minha concepção nua e pura sobre religião, como todos devem ter. Uma vez que assuntos como esses não compensam ser discutidos- muito menos pela internet-, vamos logo ao que interessa.
Adversidades, adversiadades. Tive a oportunidade de conversar com Moura ainda quando ele estava, junto a nossos outros colegas, a quinhentos quilômetros de seu aconchegante lar. Sim, no mesmo período em que eu recebia dezenas de e-mails de companheiros que haviam chegado na madrugada de domingo para segunda. Eles puderam abraçar suas famílias, tomar um maravilhoso e merecido banho após uma longa e cansativa viagem, além de poderem esquentar o almoço de domingo no forno microondas. Prefiro pular a segunda- feira porque ninguém tinha informações concretas do que se passava com os nossos heróis. Com a bomba de e-mails, que só foram abertos por mim na quinta- feira(30), horas após o ocorrido, é que pude perceber o quão nossa sala é comunicativa. Um grande empurra- empurra de acusações foram trocadas, tentando, em vão, encontrar uma alma que assumisse a utoria de uma fatalidade, que poderia acontecer com qualquer outro veículo, de qualquer outra faculdade.
Na sexta- feira(31) encontrei o Lobão. Estava com sua van, agora renovada, e com um imenso sorriso. Kazu me disse que foram gastos por ele cerca de R$ 3 mil para o conserto do veículo. E Lobão estava sorrindo. Enquanto nós ainda estávamos indignados com possível falta de cuidado de Lobão em não reparar sua van. Quem perde com isso? Quem alimenta possíveis atitudes indesejadas futuras trocando esse tipo de comentário? Parabéns Kazu, Emanuel, Paulo e a todos os que ficaram três dias em condições extremas e , quando chegaram, não abriram a boca em apontar o dedo para ninguém. Apesar das adversidades, adversidades unem.

Guilherme Barros

 
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