Covardia travestida de indignação




Vejo uma horda de gente alegando que não vai votar por causa da corrupção ou porquê, segundo os auspiciosos juízes sem toga, ‘ninguém presta’. Essa postura parece indignada, inconformada mas, na verdade, é covarde e irresponsável.
Não vejo ninguém dizendo que vai deixar de torcer por futebol, por causa de corrupção nos clubes. Também não ouço ninguém falando que vai deixar de beber, porque motoristas embriagados matam (infelizmente alguns não morrem) e nunca são punidos.

Nunca ouvi dizer que vão deixar de frequentar motel ou hotel porque algumas aventuras sexuais de gente safada que engana o cônjuge pode ter acontecido em alguma daquelas camas.
Quando se trata porém, de política, aí entra a onda da isenção, não pactuação, ‘não concordo’, ‘não me envolvo’.
Se ninguém presta, aliste-se! Saia à procura de eleitores com alguma responsabilidade, apresente suas ideias e tente convencê-los a votar em você. 

Parece difícil, mas é simples. Simples, obviamente, é diferente de simplista. Além de covarde e irresponsável, o discurso do ‘ninguém presta’ é simplista, pois o argumento parece decidir a questão, quando, na verdade, foge de toda e qualquer postura racional.

Além de covarde, irresponsável e simplista, este discurso do ‘ninguém presta’ trai aos próprios propagadores. Afinal, se ‘ninguém presta’ os arautos desta falácia também se incluem. Ou não é bem assim?
Uma coisa é certa: a manifestação dos covardes nas eleições deste ano, que deverá chegar perto de 40% da população, não impedirá a eleição de gente com todas as matizes sociais. 

Os parlamentos, por menos que queiram admitir, são o exato reflexo do que é a sociedade brasileira em sua esmagadora maioria: acomodada, leniente, paternalista (sempre alguém vai fazer algo pelo “necessitado”), que quer reivindicar direitos, mas foge de obrigações ou deveres.

Aqueles que vão se candidatar já sabem que de cada dez, poderá ignorar, deixar de lado, não dar crédito a pelo menos quatro. Logo, poderá focar nos outros seis. Se for um crápula, vai buscar os que lhe são semelhantes. Se for decente, fará o mesmo. E, como “o mundo é bom, Sebastião”, sempre terão aqueles com quem vão poder se mancomunar.

O País não precisa de mais palhaços aparecendo para dizer que vai “cuidar dos necessitados” sendo que, este pseudo-cuidado, via de regra, traz em seu significado alguma ação assistencialista em que o remédio será entregue na porta de casa, o médico vai fazer consulta no quarto até para quem consegue pular de uma perna só.

Quem quer cuidar dos mais necessitados, de verdade, tem de se comprometer a cumprir suas obrigações para que o médico esteja no seu consultório, o remédio esteja na farmácia, o material escolar esteja disponível, o professor esteja bem amparado pedagógica e financeiramente, o lixo seja recolhido no dia e hora marcados, a construção do prédio público ocorra dentro do prazo projetado e com o dinheiro calculado sem sobressaltos absurdos. 

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