Seu Nome é sobre todo o nome

Quando nasceu, não teve nenhuma rede de notícia registrando o fato. Quando foi a Jerusalém, na sua adolescência, só deram falta dele na caravana depois de mais de um dia da viagem. Ao regressarem a Jerusalém, seus pais José e Maria não estavam acompanhados da polícia para reencontrá-lo. Não tinha nenhum semanário querendo ajudar na busca. 

Ao ser batizado por João, o Batista, às margens do Jordão, não foi flagrado por nenhuma emissora de rádio. Não teve nenhum paparazzi monitorando seus passos no Mar da Galileia, enquanto formava seu núcleo duro de discípulos. Quando foi capturado no Getsêmani, não havia equipe de repórteres para documentar o momento. 

Foi julgado e condenado na calada da noite. Para imputar crime que ele não tinha, inimigos fizeram as pazes. Falsas testemunhas se apresentaram. Foi trocado por um malfeitor.

Depois de ser seguido por multidões em busca de seus poderes miraculosos para curar, ressuscitar e multiplicar pão e peixe, ficou sozinho. Até mesmo um dos seus discípulos mais íntimos, Pedro, o negou por três vezes. Quando deu seu último suspiro, apenas João e sua mãe estavam ao pé da cruz, no Lugar da Caveira.

Para muitos, era só mais um dissidente na conturbada Palestina, onde os romanos sempre tinham dificuldade de manter a ordem pública. Era só o filho de um carpinteiro. Que nasceu em Belém, cresceu em Nazaré e mantinha domicílio em Cafarnaum. 

Tinha de morrer apenas porque afrontou autoridades pregando um novo código moral. Não podia ficar vivo, porque a multidão, por não assimilar completamente sua mensagem, queriam que entrasse em Jerusalém não num jumentinho, mas num cavalo de guerra, com lança e escudo. 

Não tinham entendido que seu reino não é daqui. Não tinham assimilado que o menino de Belém, aclamado pelos anjos, buscado pelos magos, honrado pelos pastores, queria um trono mais simples: o coração do homem. Coração este que ele não invade, só entra quando convidado.

Foi sepultado. Seu corpo recebeu cuidados de um nobre do sinédrio que garantiu-lhe uma tumba nova que não viu sequer o seu estreante se decompor, pois Ele ressuscitou, como disse que aconteceria. Nem mesmo seus discípulos se lembravam desta parte de suas profecias.

A agonia, o medo, o pranto, a dor, a vergonha era o que mantinham os discípulos enclausurados, assustados, apavorados. Até que um grupo de mulheres surgem na manhã de domingo dizendo que Maria, a ex-prostituta de Magdala, chega com a notícia de que havia conversado com o Mestre. Não acreditaram em sua palavra. Pedro e João correram ao túmulo. Viram apenas o lenço que estivera sobre a sua cabeça estava enrolado à parte e os lençóis no chão. 

Dias depois o próprio Mestre da Galileia se apresentou no meio deles, quando estavam ainda apavorados e disse: Paz seja convosco. Depois de desafiar Tomé, restaurar o coração ferido de Pedro, comissionar os discípulos a anunciarem a notícia da reconciliação por todo o mundo, mais de 500 pessoas viram que a gravidade já não mais agia sobre ele de modo que foi subindo até desaparecer entre as nuvens. 

É por isso que estamos hoje, mais de 2 mil anos de seu nascimento, morte e ressurreição falando de seu amor. Tentando seguir seus passos. Ele é Jesus. O Messias, o Enviado de Deus, o Desejado de Todas as Nações. A nossa Esperança. Nosso Abrigo. Nosso Refúgio. Nossa Fortaleza. Ele que se apresentou como o Caminho, a Verdade, a Vida, o Bom Pastor, o Pão Vivo, a Luz do Mundo, a Videira.

Ele que mudou pescadores iletrados da Galileia em homens de ousadia e conhecimento peculiar. Ele de quem Pedro, uma vez restaurado pode dizer: "Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (Atos 4:12).

Aquele de quem João escreveu: "Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." (João 1:3) O apóstolo Paulo compreendeu o mistério e registrou: "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Romanos 11:36).

É por isso que celebramos o Natal. Seu nascimento deve ter ocorrido na primavera, entre os meses de abril e maio. Contudo, a data exata do evento perde relevância diante do que realmente importa: Deus assumiu a forma de homem, para viver nossas dores, sentir nossas agonias.

Ao longo da vida somos sempre seduzidos pelo desejo de sermos como Deus. Contudo, o Todo-Poderoso quis ser como homem. Em tudo foi tentado, mas não pecou. E fez isso para que fosse "um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas" (Hebreus 4:15).

Que o Natal seja vivido de forma plena: com o Filho de Deus fazendo banquete espiritual no coração de cada um.

O poder de quem não é visto

O mundo se move por quem não se vê


Em uma sociedade movida pelo espetáculo, parece que ser discreto e, anônimo, é uma espécie de castigo. Desde que os "15 minutos de fama" passaram a ser buscados com o ardor de quem precisa sobreviver, fica a sensação de que a coisa mais importante na vida é ser famoso, se tornar celebridade, dar autógrafo, ser fotografado.
Ultimamente, até na hora do parto as pessoas se deixam fotografar e filmar para mostrar o quanto descabeladas e suadas ficaram para dar à luz.

Em tempos de Twitter, Facebook, YouTube, BigBrother, A Fazenda, Ídolos e outras tantas quirelas do mundo da Internet e da TV, parece que a coisa mais importante no mundo é ser notícia. É fazer com que todas as pessoas saibam da existência, feitos, manias, excentricidades de cada um.

Se não somos assim, estamos sempre à espreita para "espiar" a vida de quem se expõe ou é exposto alheio à sua vontade. Entretanto, ao contrário do que a espetacularização midiática possa apresentar, o mundo não é movido por quem aparece. Muito pelo contrário, o mundo se move por quem não se vê.

Gostamos de viajar. Quando possível, optamos pelo avião. Mas, quantos pilotos nos demos o trabalho de conhecer? Muito mal e porcamente, às vezes, nos lembramos do motorista de ônibus. No entanto, sem estas pessoas a tal viagem não seria possível.
Nunca queremos que o transporte coletivo apresente pane e pare no meio do caminho para o trabalho, escola ou mesmo lazer. No entanto, quando a viagem acontece sem transtornos, nunca queremos saber quem foi o mecânico que, com seu trabalho anônimo e silencioso, garantiu o funcionamento perfeito daquele veículo.

Gostamos de sentar no restaurante e sermos bem servidos. Saborear um prato com a dose certa de condimentos, ao dente, bem passado, mal passado etc. Mas, quantos chefs de cozinha nos propomos a agradecer pelo excelente prato que consumimos?

Queremos andar em nossas cidades e encontrar tudo muito limpo. Sem mato, sem papel no chão, sem lixo amontoado. No entanto, sequer oferecemos um copo d'água para o anônimo que passa com a vassoura e o balde limpando tudo. Também não fazemos o menor gesto de reconhecimento para os operários que com suas máquinas cortam o mato do caminho que passamos diariamente.

Só nos lembramos dos anônimos quando alguma coisa dá errado. Se o carro quebra, se o avião cai, se o mato toma conta, se vem lagarta na salada, logo temos peito e voz para reclamar. Por menos usual que seja, acredito que podemos melhorar este comportamento e fazer as pessoas cientes do quanto elas são importantes por tudo o que fazem, por mais simples que seja o seu trabalho.
Minha mente viaja e ainda tenho inúmeros personagens que não conheço os rostos, não sei seus nomes. Mas suas ações, seus esforços, a intensa dedicação de suas vidas, de alguma forma, já me alcançaram, me alcançam e vão continuar a estender sua sombra sobre a minha vida.

Os professores são exemplos de anônimos clássicos. Quantos dos seus ex-alunos estão construindo, teorizando, criando, inventando coisas, conduzindo projetos de todos os tamanhos, graças à sua habilidade e desejo de estimular o conhecimento?
Qualquer que seja a área da vida que alcancemos destaque, quer seja diante de Deus ou dos homens, os resultados serão vistos pelos contemporâneos, mas só podem ser justificados graças às contribuições voluntárias e involuntárias daqueles que cruzaram a trajetória das nossas vidas.

Podemos fazer pessoas felizes, semeando gratidão. Hoje, somos reflexo do ontem. Amanhã, seremos exatamente frutos de agora. Proponho que aprimoremos o hábito de enxergar aqueles que ninguém vê e dar a eles a digna honra negada pela mídia, mas abundante no coração que é grato.

Só posso dizer: muito obrigado

Amados, tenho muitas coisas para dizer. Muitos pensamentos, conjecturas, devaneios, desabafos, projetos, sonhos, conquistas, derrotas, perdas, ganhos enfim, uma soma de coisas que forjaram o que sou hoje. Para não correr o risco de me perder demais, optei por deixar escrito o que as palavras conseguem expressar e deixar o restante para o que apenas a alma consegue traduzir.
Primeiro, permitam-me deixar um agradecimento formalíssimo por estarem aqui hoje.  Apesar de ser domingo, amanhã é dia de branco ou de preto, nunca entendi muito bem esta coisa racista. 

Na madrugada do dia 6 de outubro, exatamente à 1h25 da manhã alcancei a soma de 306.816 horas,  12.784 dias, 1065 meses, ou seja, 35 anos. Talvez pela hora que decidi sair da primeira casa, ainda trago a coisa do ser bicho noturno. Tanto que fiz questão de estar trabalhando exatamente neste horário para fazer minha celebração particular.

A bem da verdade, o dia do meu aniversário é o que sinto-me menos confortável e menos sociável. Já houve ocasião que exatamente no dia, que era de trabalho normal, desapareci no globo e ainda desliguei celular. Não queria ser visto, cumprimentado, cortejado, nada vezes nada. Talvez fosse caso de ser um desajuste espiritual ou desequilíbrio mental mesmo, não sei bem ao certo agora.

Entretanto, fui introduzido ao convívio social entre vocês na comemoração de aniversário do Jonas, em 2009. Naquela oportunidade, o convite me causou profundo impacto, pois tinha o significado de um acolhimento ímpar, uma vez que há poucas semanas eu tinha me apresentado como voluntário para contribuir na área de comunicação da Umadju. Sentia-me indigno, mas honrado.

Desde então, Deus tem usado a vida de vocês para forjar o meu caráter. "Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro" (Pv 27:17). Por uma característica que eu entendo ter recebido da parte do Senhor, sou conhecido como popular, carismático, atencioso etc. Isso, por óbvio, aumenta o número de pessoas à minha volta. Um grito para uma festa de aniversário e viraria um evento como já ocorreu nos três últimos anos. Mas, desta vez por razões que não consigo relacionar eu coloquei no coração algo diferente. Queria um momento mais íntimo e tinha no coração o desejo de me rasgar assim como o faço agora.

O lado mais carnal que gosta do aplauso até gostaria de promover uma mini-rave, com mix musical de crente, claro! Mas, isso pode esperar outro momento, outro aniversário, se eu chegar até lá. Afinal, a soma dos nossos dias estão nas mãos do Senhor. Também os rumos das nossas vidas, se vamos ao norte ou ao sul, é Ele quem determina.

Hoje, só quero registrar minha alegria por ter vocês à minha volta. Dizer que por vocês sou aprimorado. Os tenho em especial estima porque vocês são amigos no sentido mais amplo da palavra. Não por aplaudirem, mas por contestarem, refutarem, corrigirem, mas sempre fazer isso com graça e doçura que somente a amizade sincera pode expressar. Vocês suportam minhas excentricidades e rabugice precoce, ninguém aguenta isso se não for por amizade sincera.

Mesmo que já tenhamos vivido muitas coisas juntos, fui um enxertado neste grupo. Contudo, vocês já choraram comigo as minhas maiores tristezas. Quando o Senhor permitiu que meu irmão fosse recolhido de entre os vivos, foi nos ombros de vocês que encontrei um amparo que só podia vir da parte do Eterno.
Vocês me fazem acreditar que tenho potencial para contribuir no reino de Deus. Condição que, por um momento, cheguei a pensar que não mais poderia fazê-lo. Mas ao observar a postura equilibrada, sensata, justa, batalhadora, sonhadora, humilde, e, sobretudo, cristã, de cada um de vocês sinto-me não apenas ungido com bálsamo, percebo-me mergulhado em um balde dele.

Agradeço ao Senhor, nosso Deus, pela vida de cada um. Somente Ele poderia ter escrito essas páginas da minha história e tornado vocês protagonistas dos melhores capítulos. Obrigado por me darem o privilégio de servir a Deus ao lado de vocês. Obrigado por me inspirarem, motivarem, animarem. Houve um momento da minha vida que me questionei sobre porque as Escrituras são tão recorrentes no mandamento do amor ao próximo.

O questionamento se fez presente porque foi um tempo de solidão, decepções, traições, abandono. Neste contexto, é fácil reclamar com Deus essa ordem do amar. Contudo, entendo que por Sua bondade e misericórdia, consegui entender que Ele deseja se revelar a nós e além de fazê-lo por meio de Cristo, a expressão máxima de seu caráter, Ele também o faz por meio da vida das pessoas. E vocês, sem dúvida alguma, são canais de expressão do Senhor.

A expressão "Muito obrigado" não diz tudo o que eu gostaria agora, mas é o código linguístico que tenho para dizer a vocês o quanto vocês são preciosos. Que o Eterno vos agracie em tudo, pois o que já fizeram por mim é uma dívida que jamais conseguirei pagar. O que ameniza minha carga é o conselho do apóstolo Paulo. "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13:8). Estou, sim, muito endividado. 

Até que Ele venha nos buscar e livrar de todas as nossas agonias, quero poder retribuir da melhor maneira possível todo esse amor que não apenas sei, mas sinto e o sentir, nestes casos, vai além do simples conhecimento. Transcende a percepção dos sentidos do corpo, alcança as profundidades da alma. Com coração rasgado digo-vos, ardentemente: "Amo-vos em Cristo, o Amado de nossas almas". Muito obrigado.

 
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