Transferência de responsabilidade

Esta semana, fui pego de assalto por um misto de revolta e indignação em função do circo armado pela imprensa nacional e local em torno do assunto da venda de bebida alcoólica a menores.
Os argumentos para as operações cinematográficas de fiscalização aos bares, restaurantes e até baile de 15 anos, para verificar o consumo de álcool por menores de 18 anos são, no mínimo, fracos!

De repente, uma onda de proteção a pessoas tão indefesas, desprotegidas, sem amparo. Ó, pobres coitados destes adolescentes! Sim, estou sendo irônico, se todos os predicados ainda não deixaram claro.
Quando digo que os argumentos para as medidas de fiscalização são fracos, faço-o não para desmerecer a legislação, mas para ressaltar que não bastam as leis.
Meu posicionamento arredio não é, no primeiro momento, com as questões da Lei. Se a legislação existe, deve ter lá seu mérito. Contudo, o fato de alguém ter lavrado, leis, decretos, resoluções, códigos civil e penal ou qualquer coisa que o valha, não tira a responsabilidade da família.

Os donos dos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas, reconheço, devem exercer a cidadania que se presume. Fico apenas tentando imaginar quantos fiscais seriam necessários para autuar, em caso de irregularidade, o que a lei prevê. Vejamos: bares, restaurantes, padarias, postos de gasolina, casas de espetáculos, lojas de conveniências, feiras, bufês, clubes e até eventos fechados.
Considerando que o país tem mais de 5 mil municípios fica fácil a fiscalização por agentes públicos! Todas as prefeituras devem converter professores, faxineiros, motoristas, secretários, diretores, coordenadores em fiscais integrais que cumpram carga horária de segunda a segunda, preferencialmente, das 21 horas às 5 horas da manhã.

Ora, façam-me o favor! Nem as Forças Armadas agindo em conjunto com polícias Civil, Militar e Guardas Municipais dariam conta de controlar um exército milhares de vezes maior, formado por adolescentes mal educados, rebeldes, com famílias desestruturadas.
Não é possível conter que adolescentes consumam cerveja, cachaça, whisky, vodka, tequila e batidas de toda sorte se eles são estimulados e até treinados pelos próprios pais. Contra a irresponsabilidade da família não há leis. Se o filho se embriaga a primeira vez, aos 12, 13, 14 anos e encontra a conveniência dos pais o que as autoridades vão fazer?

Transferir responsabilidade é fácil. Pais dizerem que não controlam mais os filhos, é, no mínimo, um absurdo! Há um adágio popular que soa vulgar, mas recorro a ele agora: "Pariu seus Mateus, que se balance!".
Ninguém venha com essa de dizer que não consegue mais manter a rédea de suas crias. Não poder é uma coisa, não querer é outra. Assumam a culpa pela irresponsabilidade e procurem, por todos os meios, compensar o dano causado à sociedade pela má educação de seus filhos. Uma campanha no Facebook alerta: "Faça um favor para a humanidade: quando for preciso, diga não para os seus filhos. A sociedade agradece."

É ainda digno de virar anedota todo este picadeiro sobre a questão do menor estar consumindo bebida alcóolica, se considerarmos outras aberrações sustentadas pela lei. Este mesmo menor que deve ser "protegido da bebida", pode solicitar título de eleitor e, pasmem, decidir sobre quem governa! E, se ao dirigir provocar um acidente com vítimas, vejam só, ele não pode ser preso! Não sei se devo rir ou chorar.

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