Por que não ficamos constrangidos em dar gargalhadas em público, mas na hora do choro somos capazes de engolir a emoção e não deixar extravasar? Acho engraçado o quanto somos capazes de usar abusivamente a forma de expressão do riso, contudo, temos medo, vergonha, sei lá o nome disso, de usar as lágrimas.
Em geral, preferimos classificar o choro como forma barata de sensibi-lização, artifício de fracos.
Só admitimos como aceitável o choro de uma criança ou então em caso de dor aguda provocada por ferimento ou enfermidade.
Por quê? O que nos faz fugir tanto do choro? Medo de parecer ridículo ou de borrar a maquiagem? Creio que nem uma coisa nem outra. É apenas o medo de se expor. Mostrar que não é super-homem. Medo de mostrar que tem sentimentos, que é tão frágil quanto todos os outros mortais.
Mesmo sendo mortais, nos valemos da hipocrisia e fingimos uma força que não temos, nos fechamos ao choro. Entretanto, o imortal, Mestre da Vida, peregrino sobre a terra com o nome de Jesus, em frente ao túmulo de um amigo, simplesmente chorou.
A beleza e força do choro do Nazareno foi tamanha que o evangelista João registrou: "Jesus chorou", revelando a impressão que isso lhe deu. Ora, se Cristo sendo quem era e quem é para a História da humanidade, não teve vergonha de chorar em público, por que não lhe seguimos o exemplo?
Assim como expressamos as dores do corpo com o choro, podemos e devemos expressar também as dores da alma. Esse escancaramento não vai diminuir sua autoridade no trabalho, na família ou lhe ridicularizar. Pelo contrário, lhe dará mais respeito por não se envergonhar da sua humanidade.
Se você está num momento em que precisa chorar, chore! Procure um amigo, o cônjuge, alguém com quem possa partilhar sua dor. Se estiver próximo a alguém que precisa de um ombro, aproxime-se, acolha e chore com ela.
Tenha certeza que as lágrimas que correm juntas, além de ajudar a curar das mágoas, tira o sabor de fel e acabam se tornando fonte de irrigação para que o jardim da vida floresça cada vez mais belo e forte depois do rigor de cada inverno.
O Criador nos deixou todos os legados da emoção para que entendamos o quanto precisamos uns dos outros, tanto para rir quanto para chorar. Como rir já é uma coisa da qual nos orgulhamos, vamos aprender a ter orgulho também da nossa capacidade de chorar!